O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou nesta quarta-feira (3) a taxa básica de juros (Selic) em 1,5 ponto percentual, saindo de 9,25% para 10,75% ao ano – um retorno aos dois dígitos após cinco anos.

A elevação da Selic é uma manobra usada pelo Banco Central para controlar a inflação, que está muito longe do centro da meta, e com isso diminuir o volume de dinheiro que está circulando no País. Na prática, isso significa que vai ficar mais caro para você obter empréstimos no banco, pagar compras parceladas com juros e cair no cheque especial, por exemplo.

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Uma simulação feita pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostra que o financiamento de uma geladeira de R$ 1,5 mil em 12 parcelas deve ficar pelo menos R$ 13,79 mais caro no mês com a nova Selic.

Para quem cair no cheque especial em R$ 1 mil por 20 dias, são mais R$ 0,80 por dia, enquanto que R$ 3 mil no rotativo do cartão de crédito por 30 dias sofrerá o acréscimo de R$ 3,60.

A mesma projeção de encarecimento vale para operações como empréstimos pessoais: R$ 5 mil retirados do banco com pagamento em 12 meses deve ficar, em média, R$ 44,20 mais caro por mês; financiar o automóvel em 60 meses deve ficar R$ 33,11 mais caro por parcela, adicionando R$ 1.968,41 a mais na operação.

Mais um ajuste na política de juros e risco fiscal nebuloso

Um relatório feito pela corretora Rico Investimentos mostrou que a elevação na Selic deve levar de 6 a 9 meses para ser sentida na economia. O risco, neste caso, é que o Copom já indicou que deve fazer mais um ajuste na taxa básica de juros até o final do primeiro trimestre e as eleições jogam como um componente negativo para o risco fiscal – o dólar pode subir e seguir descompassando a inflação, prejudicando ainda mais o orçamento mensal do brasileiro.

“Assim, para o dia a dia do brasileiro, a alta dos juros e a queda da inflação serão sentidas gradualmente. Ou seja, devemos esperar maiores custos de crédito (em diferentes modalidades) ao longo dos próximos meses. Da mesma forma, a alta de preços deve começar a perder força especialmente na segunda metade do ano, e esperamos que a inflação termine 2022 em 5,2% – uma queda significativa dos 10,06% do ano passado”, indicaram os economistas da Rico Investimentos.