Muito se fala no protagonismo do consumidor e em seu poder de influenciar toda a cadeia de produção de alimentos a partir de suas preferências na hora de tirar um produto da gôndola do supermercado e levá-lo para casa. Mas o quanto ele realmente está preocupado com questões como sustentabilidade, preservação do meio ambiente e ajuda comunitária? Um estudo global da empresa do setor alimentício Kerry tenta contabilizar essa preocupação e oferece alguns insights interessantes sobre a mudança no comportamento do público.

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Dos 14 mil entrevistados de 8 países da América do Norte, Europa e América Latina, incluindo Brasil, México, Guatemala, Colômbia e Argentina, 49% disseram priorizar a sustentabilidade ao escolher um produto no mercado. A porcentagem não parece tão impressionante, já que indica que metade dos consumidores não se importa tanto com a questão. Mas quando olhamos para a América Latina o cenário é bem mais promissor: 75% disseram ser fortemente influenciados pela sustentabilidade ao fazer uma compra de alimentos e bebidas.

Esse comportamento está relacionado a uma percepção de que a sustentabilidade não apenas é um dever de todos, mas também a uma preocupação pessoal desse consumidor com a redução do desperdício de alimentos, da geração de lixo e, de forma indireta, com a manutenção do meio ambiente e a ajuda a comunidades mais vulneráveis.

E o que isso significa para o agro brasileiro? Trata-se de um indicativo importante de que comunicar de forma mais clara as boas práticas do setor pode ter um efeito imediato na identificação com o consumidor. Em algumas categorias, como a de laticínios e a de alimentos plant based, a sustentabilidade se impõe como determinante na hora de escolher um produto. Essa é uma oportunidade que deve ser explorada.

É sabido que o processo para obter certificações como a de orgânicos pode ser complicado e caro o suficiente para restringir o acesso a elas. Nesse cenário, a tecnologia e as soluções desenvolvidas pelas startups do agro podem oferecer um caminho ao produtor. Rastreamento via blockchain, por exemplo, é um modelo que garante a origem da produção e facilita ao consumidor saber de onde vem o alimento que está comprando e como ele foi produzido.

Se adaptar aos novos hábitos de consumo não é uma tarefa fácil. Mas olhando para os dados fica claro que esses hábitos estão alinhados com a forma com que a maioria dos produtores brasileiros já trabalha. O próximo passo é simplesmente mostrar isso a quem compra.