O plantio da safra 2021/2022 já está autorizado em boa parte do Brasil. Isso não quer dizer, no entanto, que essa tarefa já tenha começado em diversas propriedades. Muitos produtores ainda não receberam os insumos que precisam para começar o trabalho, principalmente fertilizantes e defensivos agrícolas. E a situação é preocupante. Afinal, se esses produtos não forem aplicados no momento certo, toda a produção será comprometida.

O desabastecimento é causado por diversos fatores. Há uma alta demanda no mundo inteiro, e a oferta está escassa. A China, por exemplo, um dos principais fornecedores de fertilizantes para o nosso mercado, está limitando as exportações para priorizar seu próprio setor agrícola. E há ainda um problema de logística, com falta de contêineres e atrasos para atender aos pedidos.

Caminhoneiros fazem novos protestos sem bloqueios nas estradas e portos

Com isso, os preços, que já estavam altos, devem subir ainda mais. De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), alguns insumos tiveram reajuste de até 100% nos primeiros nove meses do ano. E isso em um momento em que o Brasil bate recorde de importação de fertilizantes. De janeiro até setembro foram 29,1 milhões de toneladas, 20% acima do mesmo período no ano passado.

O principal problema é que o Brasil é o quinto maior consumidor de fertilizantes do planeta, mas apenas 2% desses insumos são fabricados por aqui. Tudo precisa ser importado. Com os custos lá em cima, o produtor vai repassar essa diferença para os consumidores. E isso se conseguir fazer o plantio de forma adequada. Já se fala em prejuízos para a safra de verão do milho, que devem encarecer também carne, ovos, leite e derivados. Café e cana-de-açúcar também podem ser impactados.

Algumas entidades do setor já se pronunciaram sobre a falta de insumos e cobraram que as empresas responsáveis pela venda desses produtos cumpram os acordos firmados. Mas os atrasos continuam. E, enquanto isso, muitos agricultores estão parados.