Responsável por uma das maiores frustrações da campanha do segundo turno do candidato à reeleição Jair Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, passa por um momento de desafios entre os aliados do atual presidente. Isso porque as falas sobre desindexação do salário mínimo e mais recentemente a dedução de que “o governo atual fez mais que os petistas por que roubou menos” foi muito mal digerido pela alta cúpula que cuida da campanha de reeleição.

Dois assessores de Bolsonaro confirmaram à DINHEIRO que a proximidade recente do Messias com o ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães, não foi sem motivo. A aparição seria uma mensagem de que outros economistas poderiam ocupar a pasta de Guedes em caso de um novo mandato do candidato do PL.

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Em uma entrevista ao portal Metrópoles nesta semana, o presidente chegou a dizer que não viu “nada de contundente” nas acusações de assédio que envolveram Guimarães e resultaram em sua saída do cargo em junho deste ano. Antes do episódio, em outro momento de fritura de Guedes, Bolsonaro afirmou que mudar a
economia seria só trocar “Paulo por Pedro”. E a mensagem foi entendida.

A gota d’água, porém, foi a fala de Guedes na Associação Comercial de São Paulo, em um evento direcionado aos empresários. Na oportunidade, o ministro relatou como se comportaria no lugar de Bolsonaro. “Eu, se fosse o Bolsonaro, diria ‘tudo que o Lula fizer, eu faço mais, porque nós roubamos menos’, afirmou. Em poucos segundos ele se retificou. “Nós não roubamos. Não é isso? Quem rouba não consegue pagar muito. Se você paga um salário mínimo de R$ 1.200, eu pago R$ 1.400. Se você paga R$ 1.400, eu pago R$ 1.500”, afirmou.

Típico erro de um personagem que não tem muito tato político e agora se expõe em um teto de vidro que não tinha em 2018, quando seu papel de fiador do candidato Bolsonaro foi aceito sem muito questionamento pelos eleitores. Desta vez, ele mais atrapalha que ajuda.