Estagnação, deflação, recessão. Chame-a de acordo com as características técnicas que quiser, o fato é que ela está voltando sobre os auspícios de Jair Bolsonaro. O presidente, ao desviar suas prioridades para uma desprezível pauta de costumes, acabou promovendo, por absoluta inanição de medidas, a paralisia da economia. De maneira implacável. Mais uma vez. Tal qual a antecessora defenestrada Dilma Rousseff. Bolsonaro não se dá conta. Faz-se de rogado. Mas a realidade está aí nua e crua. E o mercado não aposta mais um vintém furado na sua administração.

O dólar disparou e cravou resistência na casa dos quatro reais. E olha que, quando o capitão reformado assumiu, as expectativas eram as melhores do mundo na economia. Imaginava-se que ele, ao menos, deixaria as forças de mercado e o liberalismo à la Guedes prevalecerem. Não foi o que aconteceu. Logo na primeira tentação o mandatário meteu a mão nos preços dos combustíveis da Petrobras. Na segunda tentação foi para cima do Banco do Brasil. E tem sido assim. Uma constante de desatinos que só reforçam a impressão de que ele não tem qualquer habilidade para o manejo do cargo que ocupa e para a atuação exigida nas atuais circunstâncias.

Bolsonaro é fator atual de desestabilização. O foco da crise em si mesmo. Nos círculos de investidores, no ambiente pragmático de empreendedores, estão todos aguardando para assistir à próxima barbeiragem. Ninguém desembolsa recursos enquanto os devaneios prevalecerem. E com isso, o País estancou. Anda para o lado, para trás, jamais para frente. Os números só ilustram. A estagnação é ainda mais intensa e dramática nos setores terciários, dependentes da demanda de um público que parou de consumir.

Por motivos óbvios: Bolsonaro também os premia com a maior taxa de desemprego das últimas décadas. A máquina estatal incha a olhos vistos. Áreas vitais como a da Educação são castigadas sem dó. Analistas apontam que ele já perdeu seu momento mágico de início de mandato. A locomotiva biruta do chefe da Nação não sabe para onde ir. É isso mesmo! Qualquer um pode enxergar a indefinição de tática e rumo. Quer esperanças? Pergunte a Bolsonaro o que fazer. Ele dirá que é com os outros.

(Nota publicada na Edição 1122 da Revista Dinheiro)