Doze executivos de empresas da Sony no Brasil têm uma reunião agendada para a segunda semana de outubro. Será a segunda vez que todos se encontram este ano. O primeiro encontro aconteceu em maio e serviu como uma espécie de apresentação de cada executivo e da sua área de atuação. Na pauta da próxima reunião, as companhias da Sony querem encontrar uma fórmula para centralizar as ações no mercado brasileiro. É estranho, mas até pouco tempo atrás cada empresa tinha vida própria no Brasil. Era comum uma iniciativa de uma empresa não contar com o apoio de outra, que em algumas situações pedia ajuda aos concorrentes. ?Queremos funcionar como uma orquestra afinada de agora em diante?, afirma Dorian Sutherland, gerente geral da Sony Pictures para a América Latina e Caribe, divisão que antes se chamava Columbia Tri Star.

No guarda-chuva Sony há três áreas que até pouco tempo não se comunicavam com frequência. As empresas de cinema, homevideo e televisão abrigadas na antiga Columbia Tri Star tinham pouco contato com as companhias de consumo que também pouco se entendiam com a gravadora do grupo, a Sony Music. A iniciativa começou na própria matriz. Há dois anos, a Sony determinou que suas empresas unissem esforços nos mercados onde atuam. As subsidiárias da Ásia foram as primeiras. Nos Estados Unidos, a união está mais lenta. O Brasil está entrando atrasado, mas pode recuperar a vantagem em relação ao resto do mundo. ?Nossa orquestra terá grandes apresentações?, explica Sutherland.

Bloco. Alguns resultados da reunião de maio podem ser percebidos na máquina Sony no Brasil. No lançamento dos filmes Homens de Preto 2 e Homem-Aranha, as empresas agiram como se fossem parte de um único bloco. Nos canais AXN e Sony, na TV a cabo, foram colocados à exaustão os trailers desses filmes, os sites das Sony trouxeram informações sobre os produtos, houve sorteios de brindes e até a estratégia de imprensa foi unificada. ?É uma boa notícia porque a Sony às vezes dependia de terceiros quando tinha tudo em casa?, afirma Patrick Siaretta, diretor da produtora Teleimage que está negociando com a Sony Pictures a produção de uma minissérie para a TV aberta.

É a Sony Pictures que pode ser maior beneficiada dessa nova estratégia. A divisão está investindo em acordos com emissoras abertas para exibição de suas produções. Uma delas, Roleta Russa, um programa de perguntas e respostas, está em fase de elaboração na Rede Record. Há outro na espera, batizado de Números Vermelhos, e que dará como prêmio aos vencedores o pagamento de suas dívidas de qualquer natureza. Outra novidade é um game show que irá conseguir empregos para desempregados. Nesses projetos, a orquestra da Sony não irá desafinar.