SÃO PAULO (Reuters) – A Energisa prevê investir 29,5 bilhões de reais até 2026 para diversificar seus negócios para além da distribuição de energia, que hoje corresponde a 92% de seu Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), disseram nesta segunda-feira executivos, em evento com investidores.

Em 2026, a companhia espera ter uma presença muito maior nos segmentos de transmissão e geração renovável de energia elétrica. Esses segmentos, somados a novas soluções, como comercialização no mercado livre e a fintech Voltz, deverão responder por 25% do Ebitda do grupo daqui a cinco anos, ante uma fatia atual de 8%.

Com isso, a participação da distribuição no indicador deverá cair de mais de 90% para até 75%, disse o presidente do grupo, Ricardo Botelho.

Com os investimentos projetados até 2026, a média anual de aportes vai aumentar para 5,9 bilhões de reais, ante 3,7 bilhões de reais ao ano no plano de negócios anterior (2017-2021).

Um dos principais pilares de diversificação virá de novos projetos em geração de energia, nas modalidades centralizada (usinas de grande porte) e descentralizada (pequenas instalações chamadas de geração distribuída).

A estratégia será crescer a partir de empreendimentos novos, construídos do zero, e de aquisições de projetos já operacionais, disse o diretor de geração e transmissão do grupo, Gabriel Mussi.

Hoje, a Energisa atua no mercado de geração principalmente por meio da plataforma Alsol, especializada em pequenas usinas solares e a biogás. No entanto, a companhia tem experiência também com grandes projetos, tendo desenvolvido e construído, entre 2000 e 2015, cerca de 600 megawatts (MW) em usinas de diferentes fontes que foram posteriormente vendidas.

No caso da Alsol, os planos da Energisa envolvem investimentos de 2,3 bilhões de reais até 2024, com o objetivo de crescer o portfólio em 460 megawatts (MW), com 150 novas usinas solares de pequeno porte.

Em paralelo, o grupo mira negócios na cadeia do gás natural, principalmente na distribuição. Segundo os executivos, o processo de desverticalização desse mercado deve gerar uma série de oportunidades no futuro, a exemplo das privatizações de concessonárias estaduais.

“O Cade ainda vai decidir sobre como a Gaspetro será constituída no futuro. Por exemplo, será que ela será quebrada, será feito algum tipo de ‘split’? A Energisa quer participar desse processo, está atenta a isso, estudamos ativamente a privatização da Sulgás”, disse Botelho.

O grupo também está focado em novas soluções energéticas, como armazenamento de energia em bateriais e aproveitamento energético de resíduos orgânicos, segundo a vice-presidente dessa área, Roberta Godoi.

Essas iniciativas fazem parte de uma estratégia de “one-stop shop”, que envolve a oferta de um pacote completo de soluções de energia aos clientes, disse Godoi.

Na comercialização de energia, a Energisa prevê expandir as atividades de sua comercializadora, aproveitando as sinergiais que surgirão com a diversificação do grupo para o segmento de geração.

Além de ter mais segurança no provimento da energia com a geração própria, a comercializadora também deverá comprar energia a preços mais acessíveis e terá mais autonomia, disse Godoi. A expectativa é de que a Energisa aumente sua participação de mercado na comercialização de energia de 2% para 12% em 2026.

(Por Letícia Fucuchima)

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