Modelo do reator: o ITER sofrerá concorrência da energia solar

Começa a ser montada neste mês, na Provença, na França, a máquina de € 20 bilhões que pode se tornar desnecessária antes de estar pronta. O reator nuclear ITER (sigla para reator experimental termonuclear internacional) promete fundir átomos (conforme ilustração acima) em temperaturas 10 vezes mais quentes que o Sol, em torno de 150 milhões de graus Celsius. As usinas nucleares tradicionais dividem os átomos. O sofisticado projeto, que utiliza mais de um milhão de peças de 35 países, foi iniciado em 2006, prometendo entregar energia limpa em larga escala. Mas a rápida diminuição de preços das fontes de energia renovável está fazendo o plano ser questionado.

Nos últimos cinco anos, o custo dos painéis solares caiu 62%, segundo dados da agência de notícias Bloomberg. No mesmo período, as turbinas eólicas ficaram maiores e mais potentes. Mesmo a principal razão de existência da ITER, garantir uma oferta em massa como base do sistema elétrico, é colocada em dúvida, caso o uso de baterias também se espalhar pelo Europa. A expectativa é a de que o projeto, pelo menos, estimule novos avanços tecnológicos e crie mercado para materiais avançados, como os fios de nióbio, supercondutores usados para as reações nucleares produzidas pelo ITER. No futuro, eles podem servir para transmitir altíssimas voltagens de energia.

(Nota publicada na Edição 1071 da Revista Dinheiro)