Os investimentos feitos pela Alemanha na geração de energia renovável superaram os US$ 200 bilhões nos últimos 20 anos e acabaram gerando um efeito, no mínimo, curioso. Grandes consumidores e distribuidores estão recebendo dinheiro para comprar eletricidade. No ano passado, em mais de 100 ocasiões, o preço da energia vendida no atacado esteve negativo, segundo levantamento feito pelo jornal The New York Times, com base em dados da EPEX Spot, bolsa de negociação de energia europeia. Em outubro de 2017, o preço do megawatt hora germânico chegou a US$ 98 negativos, ou seja, quem adquirisse um lote levaria a eletricidade, mais esse valor em dinheiro. Na última semana do referido mês, esse efeito durou 30 horas. Isso acontece devido à intermitência da geração renovável, em especial a eólica. Em momentos de baixa demanda e muito vento, o preço despenca – o oposto, obviamente, também acontece: muita demanda e poucos ventos resultam em valores maiores. No futuro, com a evolução dos sistemas de armazenamento a bateria, o problema deve desaparecer. Enquanto isso, quem pode adaptar o consumo às variações climáticas aproveita as “promoções”. O fenômeno evidencia, ainda, a alta competitividade da energia renovável, que está cada vez mais barata.

(Nota publicada na Edição 1051 da Revista Dinheiro)