As famílias da cidade de São Paulo estão recorrendo mais ao cartão de crédito para manter o consumo e, do total dos lares, 77,7% têm alguma dívida com cartão, aponta dados de março da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). A taxa é a maior desde junho de 2012 e é 4,5 pontos porcentuais acima do registrado em fevereiro (73,2%), que já era recorde histórico.

Tal modalidade de dívida foi responsável pelo aumento do cenário de endividamento pelo quarto mês seguido, agora atingindo 60,9% das famílias paulistanas, alta de 1,7 ponto porcentual em relação a fevereiro. A inadimplência, por sua vez, parece mais controlada na cidade e, de fevereiro para março, subiu apenas 0,2 ponto porcentual, fechando o mês em 18,4%.

Apesar das altas significativas, para a entidade, o indicativo mais expressivo do levantamento tem a ver com a deterioração das condições econômicas das famílias paulistanas, resultado da ampliação das restrições de funcionamento de muitas atividades. De acordo com a pesquisa, 2,41 milhões de famílias estão endividadas na capital paulista. Dessas, 732,5 mil estão com as contas atrasadas.

Na avaliação da FecomercioSP, o aumento do endividamento pelo cartão de crédito está relacionado à postura de muitas instituições financeiras e bancos em restringir a oferta de crédito. Assim, o cartão se torna a única alternativa das famílias para ir às compras, mesmo as mais básicas.

Consumo

A deterioração econômica dos lares na cidade de São Paulo também impacta nas perspectivas das famílias em consumir. De acordo com o levantamento, o índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) na cidade caiu 1,1% em março e registrou 73 pontos. A queda interrompe uma sequência de seis meses em alta e se justifica, principalmente, pela postura das pessoas em evitar o consumo neste momento.

Já o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) registrou uma queda ainda mais brusca, de -2,9% entre fevereiro e março, fechando este mês em 112,9 pontos. A retração foi puxada principalmente pelo desempenho da variável Condições Econômicas Atuais, que ficou em 69,9 pontos, 4,2% menos do que o de fevereiro.

Na análise, a FecomercioSP descreve as famílias paulistanas como apreensivas e sem perspectiva de melhora. Na visão da entidade, o cenário não deve mudar até a primeira parcela do auxílio emergencial ser paga e as medidas de restrição serem amenizadas.