Punta del Este, 27 – O consumo brasileiro de café, excluindo as bebidas prontas para beber (conhecidas como RTD ou ready to go, em inglês) cresceu entre 3% e 3,5% em 2018, atingindo 22,9 milhões de sacas de 48 quilos (já descontadas as perdas após a torrefação e moagem) ou 1,1 milhão de toneladas, segundo dados divulgados nesta terça-feira, 27, pela analista sênior de bebidas da Euromonitor International, Angelica Salado. O número representa aproximadamente 16% do consumo global de café, tomando por base a mesma metodologia, que foi de 7,3 milhões de toneladas no ano passado.

“O Brasil já é o maior consumidor global de café quando excluímos o consumo de bebidas ready to go (vendidas em latinhas), que são contabilizadas em volume e não em peso. O consumo de café no País supera tudo o que é consumido nos Estados Unidos e no Canadá juntos”, disse Angelica em apresentação no 26º Encontro Nacional das Indústrias de Café (26º Encafé), em Punta del Este, no Uruguai. O Encafé é promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) e ocorre até esta quinta-feira (29).

Segundo a analista sênior da empresa de consultoria de mercado, quando se considera o consumo nacional excluídas as bebidas prontas para vender o País vem se consolidando no primeiro lugar desde 2014.

O brasileiro consome em média 839 xícaras de café por ano (de 40 ml) – considerando todas as categorias de café, exceto as prontas para beber -, mais do que 5 vezes a média mundial, segundo dados apresentados por Angelica. O consumo de café torrado e moído ainda domina o mercado brasileiro, representando aproximadamente 80% de toda a bebida vendida no País. Pelos próximos cinco anos, a perspectiva é de que o consumo deste tipo de café continue crescendo, em torno de 3%, levemente acima da taxa de crescimento verificada entre 2013 e 2018.

Apesar da perspectiva de demanda crescente pelo torrado e moído, a categoria deve perder espaço para outros tipos de café até 2023. Até lá, a participação deste tipo de produto deve deixar de superar os 80%, como ocorre atualmente, para vir abaixo deste porcentual. No mesmo período, outras categorias de café, como a do torrado em grãos e a de café em cápsulas, devem conquistar participação no mercado brasileiro. O café torrado em grãos, hoje com cerca de 17% do consumo interno, deve se aproximar de 20% e inclusive roubar espaço do café em cápsulas, em razão do interesse crescente do consumidor de viver a experiência da preparação do café em casa, segundo Angelica. A recuperação econômica no País também tende a estimular o consumidor brasileiro a investir em café torrado em grão para ser preparado em casa, em máquina própria. Enquanto isso, a demanda brasileira pelo café em cápsulas continuará crescendo, mas deve permanecer abaixo de 10% total em cinco anos.

*A jornalista viaja a convite da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic)