As empresas que assumirem as concessões dos parques municipais de São Paulo poderão vender informações dos frequentadores dessas áreas verdes para garantir o retorno interno dos investimentos que terão de fazer na infraestrutura dessas áreas. O anúncio foi feito pela Prefeitura na manhã desta quarta-feira, 4, quando o prefeito João Doria (PSDB) sancionou o projeto de lei que libera parte do pacote de desestatização proposto por sua gestão.

“As contrapartidas possíveis são a venda de alimentos e bebidas, integrando os permissionários existentes, mas construindo bons restaurantes, a renda de shows, uma vez que podem ser feitos muitos shows nos parques – cobrando sempre do patrocinador e nunca do frequentador -, o aluguel de bicicletas, a comercialização de mailing de Wi-Fi e film comition (a cobrança de taxa para realização de filmagens profissionais dentro dos parques)”, disse o secretário de Desestatização, Wilson Poit.

A proposta é que os parques tenham redes de Wi-Fi gratuitas (como muitos já possuem), mas que, para usar a internet, os frequentadores tenham de fazer um cadastro e concordar com os termos de uso. Essas informações poderiam ser vendidas para outras empresas, que usam os dados para ofertar produtos e serviços.

O modelo final da concessão ainda não está definido. Poit afirma que a Prefeitura já recebeu 21 estudos sobre as melhores formas de remunerar os concessionários – estudos feitos pelas próprias empresas interessadas. A formatação final deve ser apresentada ainda neste ano, com o edital de licitação das concessões.

O texto assinado pelo prefeito nesta quarta liberou ainda a Prefeitura a conceder o sistema de bilhetagem do bilhete único, os terminais de ônibus da cidade, os serviços de guincho e pátio de estacionamentos da cidade e os Mercados Municipal e Kinjo Yamato, também no centro da cidade. Uma versão mais enxuta do pacote de concessões de equipamentos e serviços públicos à iniciativa privada foi aprovado pela Câmara dos Vereadores em definitivo em 21 de setembro.

Doria vetou, no texto assinado, uma emenda que havia sido apresentada pela bancada de oposição que garantia a destinação de 5% dos valores arrecadados com a concessão dos terminais para investimentos em habitações sociais.

Segundo o secretário de Governo, Julio Semeghini, o veto se deu porque, para a Prefeitura, não há ainda como garantir que todos os terminais tenham cobrança de outorga dos futuros concessionários.

Na coletiva, Doria anunciou ainda que, até esta quinta-feira, 5, a Prefeitura deve enviar à Câmara o projeto e lei que autoriza a venda do Autódromo de Interlagos, na zona sul.

O vereador Milton Leite (DEM), presidente da Câmara Municipal que tem na área seu principal reduto eleitoral, fez uma veemente defesa da proposta. “Vai atrair muito investimento privado para a região, que é muito carente.” Isso porque, seguindo ele, a proposta deve valorizar os terrenos do entorno do autódromo, que fica entre as Represas Billings e Guarapiranga.