As ações de empresas do setor varejista apresentam as maiores quedas na tarde desta quarta-feira (24) na Bolsa de Valores brasileira, a B3. Das cinco companhias com maiores baixas, três são do varejo.

Liderando o ranking está o IRBBrasil, que às 15h22 acumulava perdas de 4,50%, com ações cotadas a R$ 6,16. Na sequência, estavam Magazine Luíza, queda de 3,53% e ações a R$ 20,75; Via Varejo, que tem as marcas Ponto Frio e Casas Bahia, estava caindo 1,98%, cotada a R$ 11,87; e a B2W, que congrega marcas como Shoptime, Submarino e Americanas.com, caía 2,22%, com ações a R$ 61,17.

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Na outra ponta, as ações com maiores altas são as do Carrefour (14,17%), que anunciou a compra do Grupo Big por R$ 7,5 bilhões; Gol (5,47%) e PetroRio (4,53%).

Para Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo, as empresas voltadas para o e-commerce estão sofrendo um pouco mais neste momento. “Em um cenário de aumento de vacinação, ainda que de maneira lenta, com a população sendo mais vacinada, há uma tendência de rotação dos investidores em relação às empresas mais voltados para o e-commerce e voltando mais para companhias que não são tão ligadas ao e-commerce”, diz. De acordo com ele, movimento semelhante acontece também nos Estados Unidos. Além disso, destaca o analista, o setor de varejo responde negativamente à expectativa para elevação da taxa de juros. “Tem um impacto direto e não estão ficando tão atrativos para o curto prazo”, finaliza.

Leandro Saliba, gestor de renda variável da AF Invest, restrições da pandemia até ajudam porque as pessoas fazem a venda online. “Duas coisas estão impactando: Carrefour comprou o Big, notícia que está na contramão das empresas vendas online. São duas redes muito grandes e vão montar uma rede grande nacional, com distribuição no País inteiro. O mercado enxergou como uma ameaça às grandes empresas de vendas online, competição com players que vendem pela internet”, diz. “Outra questão muito importante é a alta do juros. O mercado comprou essas empresas que têm altíssimo potencial de crescimento. Magazine chegou a valer R$ 170 bilhões na Bolsa e lucrava menos de R$ 1 bilhão por ano. Com aumento de juros, o valor presente do fluxo de caixa diminui assim como o valor da empresa”, diz.

“Hoje, as companhias do setor do comércio varejista são destaques negativos da bolsa brasileira. Enquanto o Ibovespa sobe impulsionado por Nova York e com a recuperação companhias ligadas ao setor de commodities e companhias exportados, as ações de empresas como Magazine Luiza (MGLU3), Via Varejo (VVAR3) e B2W (BTOW3) operam em queda devido às preocupações em torno das consequências advindas das medidas de distanciamento social para tentar conter o avanço da covid-19. Mesmo a permanência auxilio emergencial gera temores em relação ao setor, pois não é na mesma magnitude e enquanto a situação da pandemia piora no país, os lockdowns podem ocasionar mais desemprego, diminuindo a renda e consequentemente, queda no consumo”, explica Matheus Jaconeli, economista da Nova Futura Investimentos.