A certificação surgiu em 2006 por iniciativa do B Lab, uma entidade norte-americana sem fins lucrativos que incentiva empresas a participarem de um movimento global por mudanças. Em 2013, expandiu-se para o Brasil através do Sistema B (B remete a benefícios).

Hoje, de acordo com dados da própria instituição, mais de 3 mil empresas já conseguiram o selo, em mais de 70 países, e, assim, são capazes de medir seus resultados socioambientais como fazem com os financeiros. Do total, 138 são brasileiras, de 19 diferentes setores econômicos. Essas operações impactam diretamente clientes, meio ambiente, comunidade e também seus colaboradores.

Fazer parte deste seleto time não é fácil. São analisadas mais de 200 métricas para avaliar sustentabilidade empresarial, incluindo governança, trabalhadores, clientes, comunidade, fornecedores e distribuidores, além da área ambiental. A pontuação total precisa chegar a pelo menos 80, numa escala que vai até 200.

No Brasil, a maioria das empresas certificadas pelo Sistema B são pequenas e médias. Quem escapa desse padrão é a Natura, que possui a certificação desde 2013. Também se destaca a locadora Movida, constituindo assim duas empresas B do País listadas em bolsa. Porém, outras dez de capital aberto já estão na fila para obter o selo, ao lado de outras 5,8 mil pequenas e médias que já iniciaram o processo. No caso de multinacionais e empresas públicas há outras exigências e, a fim de não excluir ninguém, o B Lab já está criando normas e um processo de certificação para essas companhias.

A escolha dessas corporações por uma economia mais inclusiva e sustentável tem lógica. O selo pode ser um caminho para conquistar diferenciais competitivos e novos negócios. Afinal, o mercado está demandando práticas sustentáveis das empresas de capital aberto e fundos internacionais estão de olho nas companhias que já conseguem olhar além do lucro — porque a sociedade está dando mais valor para as organizações capazes de gerar transformação.

Em uma visão de médio e longo prazo, essa pressão global pela adoção de práticas mais sustentáveis vinda de todos os setores impreterivelmente em preservar o meio ambiente e respeitar as pessoas. Só obterá lucro e crescimento quem atuar com responsabilidade, transparência e ética. Ou seja, a Empresa B deve se comprometer a ser a melhor empresa PARA o mundo e não só DO mundo. E isso é tão importante que as companhias certificadas devem mudar seu próprio estatuto para constar esse compromisso a todo momento.

Tal atitude demonstra que não é modismo adotar um discurso sustentável para se tornar mais atraente aos olhos de investidores. Uma Empresa B objetiva o lucro sim, desde que possa causar impacto ambiental positivo e gerar consciência social. Movimentos como esse consagram a sustentabilidade como o norte de qualquer organização, tanto para ampliar o foco de sua atuação quanto para acrescentar propósito ao modelo de negócio.

Consumidores, investidores e o mercado já estão de olho nessa tendência. E as empresas precisam começar a se preparar para as oportunidades que decorrem do engajamento nas causas da sociedade e do planeta. O Sistema B demonstra que os negócios podem ser usados também para gerar mudanças socioambientais positivas, promovendo uma nova economia — arrisco dizer até mais transparente, ética e humana.