O aumento do movimento no comércio e o aquecimento da indústria, impulsionado pelas festas de fim de ano, criam oportunidades de trabalho temporário em diversos segmentos. Dados da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem) e Caixa Econômica Federal apontam 434.429 novos postos, 10% a mais do que no mesmo período do último ano.

A projeção de alta é influenciada, principalmente, pelas contratações na indústria, em especial as do segmento farmacêutico, alimentício, químico e agroindustrial. O comércio também soma parcela destas contratações de olho no aumento de vendas para o Natal e réveillon.

Comércio concentra as maiores oportunidades de contratação em dezembro

“As vendas do Dia das Mães, que é a melhor data depois do Natal, tiveram alta de 6%. Isso cria uma expectativa de otimismo para os comerciantes”, afirma Alexandre Leite Lopes, diretor administrativo e financeiro da Asserttem.

“São oportunidades bastante democráticas. Principalmente para cargos de auxiliar no comércio, muitos aceitam trabalhadores apenas com ensino médio”, diz ele.

Do total de vagas previstas entre setembro e novembro, 65% deve ser para a indústria (212.708 vagas); 15% comércio (49.086 vagas) e 20% serviço (65.448 vagas). A partir de dezembro o comércio toma a dianteira, com 30% do total, (32.155 vagas); 45% serviços (48.233 vagas) e 25% indústria (26.796 vagas).

Oportunidade para emprego fixo

Além de garantir um reforço no orçamento para o fim de 2018 e início de 2019, um trabalho temporário pode ser o primeiro contato com um futuro emprego fixo. Dados da Asserttem apontam que até 10% dos funcionários de fim de ano conseguem cavar uma oportunidade para um serviço fixo.

Para o diretor administrativo e financeiro, o número pode ser ainda maior, visto que a entidade conta apenas os empregos convertidos logo ao término do contrato temporário.

“Em muitos casos o empregador não tem um vaga naquele momento, mas algum tempo depois ela surge e eles chamam alguém que tenha feito um bom trabalho como temporário”, diz.

Mesmos direitos

A modernização da Lei 6019/74, em vigor desde abril de 2017, trouxe um crescimento na geração desse tipo de vagas. Entre as atualizações está a ampliação do prazo do contrato temporário, de até 90 para até 180 dias, podendo ser prorrogado por mais até 90 dias se a necessidade perdurar.

O trabalhador temporário está amparado pelas mesmas garantias jurídicas dos demais. O funcionário tem direitos, como remuneração equivalente, recebimento de horas extras de acordo com a categoria da empresa onde estiver prestando o trabalho, adicional por trabalho noturno, repouso semanal remunerado, férias proporcionais, 13º salário, FGTS e proteção previdenciária.

Aumento em relação aos anos anteriores

O número previsto para contratações temporárias em 2018 fica ainda mais representativo se comparado ao total de vagas de 2016, quando foram geradas 355.322 oportunidades. Neste caso, a alta sobe para 22%, mas ainda longe de alcançar o montante ocasionado no fim de 2014, quando 490.435 pessoas retornaram ao mercado de trabalho de maneira temporária.

Setor alimentício é um dos com vagas em aberto no fim de ano

A presidente da Assettem, Michelle Karine, explica que em momentos de incerteza econômica, a contratação temporária representa uma alternativa mais viável às empresas, que precisam ter condições de atender à demanda aquecida, seja no comércio ou na produção de bens e mercadorias, na indústria.

“Nesses momentos, fica difícil para as empresas investirem em despesas fixas, diante de receitas flutuantes. Nesse sentido, o trabalho temporário é o mais viável para atender a demanda de flexibilidade e de rápida mobilização de mão de obra”, afirma.

Ranking por estados

Entre os estados com mais postos de trabalho temporário para o período, São Paulo lidera o ranking concentrando 67,27% das vagas estimadas para o fim do ano, ou seja, 292.230 mil vagas, ante 265.664 registradas em 2017.

Empresas também farmacêuticas reforçam quadro de funcionários

Na sequência, aparece o Paraná, com 7,41% dos postos de trabalho, (32.172). Depois, o Rio de Janeiro, que deve ofertar 25.597 novas vagas, o que representa 5,89% no total previsto para o país.

O estado do Amazonas aparece com 19.212 mil postos, contribuindo com 4,42% no total e, por fim, Minas Gerais, que deve criar 16.330 vagas temporárias com 3,76% na divisão total. Todos eles registraram aumento em comparação com o mesmo período de 2017.