Há 2 meses ocupei este espaço para contar que era hora de virar a página. Mas não de terminar o livro. E hoje é chegado o dia de começar a escrever um novo e vibrante capítulo.

De peito aberto, com o coração valente de quem desbravou os primeiros hectares da Internet, feliz em me unir a amigos de longa data e pronto para noites insones como as que atravessei nos primeiros dias do Buscapé, reúno minha bagagem para aportar na Redpoint eventures e embarcar rumo a uma nova, mas muito bem planejada, aventura: ajudar a construir o melhor fundo de Venture Capital do Brasil.

A vivência como empreendedor que colocou argamassa em cada tijolo para começar sua lojinha, foi o veículo catalisador que me levou a pensar em qual seria meu próximo passo na Internet brasileira e global. Agora, nas vestes de investidor, me sinto pronto para ajudar novos bandeirantes em suas cruzadas pelas trilhas digitais.

Se nos primórdios navegávamos sem mapas ou bússolas, mesmo porque mal sabíamos sequer onde realmente poderíamos chegar, hoje, na adolescência da Internet, estamos muito mais maduros e preparados para construir negócios inovadores, disruptivos, escaláveis e com grande potencial de colocar o Brasil definitivamente no cenário mundial da indústria digital, que, vejam vocês, há pouco mais de 15 anos era chamada de ‘nova economia’.

Meus sócios e eu somos extremamente realizados com o que construímos até aqui, mas sabemos como poucos o quanto nos exigiu e o quanto foi preciso sermos resilientes. Mas cada gota de suor não teria valido a pena se decidisse colocar um ponto final na minha biografia empreendedora; agora não como comandante da operação e sim como investidor, mentor, conselheiro.

Volto a empreender de novo numa indústria nascente, a de Venture Capital, para dessa vez colocar tudo que aprendi à serviço de vários negócios. A verdade é que dividir sonhos de empreendedores que querem mudar o mundo, cada um em uma indústria diferente é, hoje, o melhor néctar intelectual que eu poderia receber.

O processo de amadurecimento dessa decisão levou em conta a reflexão sobre o que é preciso para ser o melhor fundo de Venture Capital: ser escolhido pelos melhores empreendedores.

Para que isso aconteça é preciso 3 coisas:

• ter o melhor time trabalhando ao seu lado;

• saber exatamente a dor que o empreendedor sente; e assim ajudá-lo de forma construtiva, o famoso “been there, done that”;

• ter uma visão estratégica diferenciada em relação ao mercado, trazendo valor para cada empresa.

Para montar o melhor Venture Capital do Brasil eu precisaria encontrar um time diferenciado, com habilidades complementares, senioridade, e, óbvio, que tivesse muita empatia em trabalhar em conjunto.

A minha experiência no Buscapé certamente traz muito calo e muita lição de vida para ajudar os empreendedores no dia a dia. Como empreendedor, passei por todas as dores possíveis durante 17 anos. E precisaria encontrar sócios que também tenham tido experiência empreendedora. Quanto mais eu pudesse somar com diferentes experiências, mais rica a empresa se tornaria.

Por fim, seria crucial ter sócios de peso do Vale do Silício. Não apenas com network no Vale, isso muita gente tem. Mas sim com zipcode da residência lá. Recebendo continha no endereço da Sand Hill Road. Alguém que ajudou a criar o Digital lá, como nós criamos aqui no Brasil.

Quanto mais eu “ideava” meu VC perfeito, mais ficava evidente que ele estava na minha frente.

Conheço e trabalho com o Anderson Thees e o Manoel Lemos, que estarão ao meu lado, há mais de 8 anos. Já meu relacionamento com o Jeff Brody, que fundou a Redpoint em 1999, e com o Mathias Schilling, que fundou a e.ventures, começou logo após a venda do Buscapé para a Naspers.

A Redpoint e a e.ventures trazem não apenas um track record de mais de 150 IPOs e M&A exits no mercado global (incluindo companhias como Netflix, Groupon, Stripe e Homeaway), mas também nomes de peso, como Andy Rubin e Tomasz Tunguz, que estarão envolvidos no nosso dia a dia, nos alimentando com tudo que acontece no olho do furacão.

Por fim, a Redpoint eventures é um dos fundos mais novos do Brasil. Com apenas três anos, já contabiliza um portfolio de mais de 20 startups. Foi o primeiro a levantar um fundo acima dos US$ 100 milhões, é cofundador do CUBO com o Itaú.

Não faltavam razões para a subir à bordo. Fazer tudo sozinho me tomaria alguns preciosos anos. E certamente perderia o melhor momento pra investir no Brasil.

Ao me associar com uma venture capital da envergadura da Redpoint eventures terei vários desafios sobre a mesa e todas as peças que preciso para ajudar a estruturar um ecossistema onde possam brotar novos negócios liderados por talentosos empreendedores.

Como sócio da Redpoint eventures, meu novo desafio será identificar novas oportunidades, trabalhar com a equipe para selecionar os melhores investimentos e, principalmente, apoiar os empreendedores no crescimento de suas empresas em ritmo acelerado. Na prática, apoiar os melhores empreendedores digitais do Brasil.

Não tenho dúvidas de que o Brasil está pronto para se tornar um celeiro tão fértil quanto o Vale do Silício. Mais que isso, como refleti em meu último post, não há melhor momento para as startups brasileiras, apesar e por causa da crise econômica.

Como já havia antecipado quando anunciei minha saída da operação do Buscapé, “em meio ao turbilhão que vivemos na nossa adolescência empreendedora, foram muitos os mentores que nos pegaram pelas mãos para nos guiar e ajudar a vencer nossa inexperiência de jovens aventureiros. É chegada a hora de retribuir, como já tenho feito como investidor-anjo e através da minha atuação na Endeavor como mentor e membro do conselho. Dedico agora meu tempo a dar e a receber, a cultivar a paixão pelo empreendedorismo. A empreender empreendedores.