Celebrado oficialmente no Brasil em 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra chega mais uma vez no calendário com mais demandas do que avanços na agenda da inserção do negro na sociedade brasileira. Uma delas é facilmente percebida em veículos de negócios e mesmo em fotos de times de empresas no LinkedIn: há poucos empreendedores negros, sejam homens ou mulheres.

De acordo com a pesquisa Potencialidades, Empreendedorismo e Sonhos da População Negra, realizada pela PretaHub, 51% dos 28 milhões de trabalhadores brasileiros autônomos são negros. A questão é que apesar de serem maioria, apenas 21% deles têm CNPJ. Em outras palavras, são informais, trabalham à margem do sistema e com rendimentos que raramente extrapolam o necessário para sobreviver. Daí sua invisibilidade. Ainda assim, eles somam cerca de 20 milhões de empreendedores negros e negras que movimentam mais de R$ 360 bilhões por ano.

Aos poucos, porém, a realidade racial no Brasil vem mudando. Projetos como PretaHub, Feira Preta, Conta Black e o Movimento Black Money têm fomentado um mercado com uma governança mais estruturada que tira o negro de papéis de servidores nos quais foram colocados pela sociedade para emergirem a donos de negócios de impacto que promovem uma verdadeira transformação social.

Evandro Rodrigues

(Nota publicada na edição 1300 da Revista Dinheiro)