Os bonds atrelados a critérios de sustentabilidade vêm ganhando força globalmente, inclusive no Brasil. O volume de emissão de dívida que atende a critérios de sustentabilidade deu um salto no primeiro trimestre de 2021, somando o valor recorde de US$ 235 bilhões. De acordo com dados do Bank of America (BofA), desse total, US$ 111 bilhões estão relacionados a projetos ambientais e US$ 82 bilhões ligados a iniciativas que visam um resultado social favorável.

Ambiente propício
De olho nessa tendência ligada à sustentabilidade, a JBS fez a emissão externa de sustainability-linked bond com juros atrelados a metas de redução de emissões de gases causadores de efeito estufa.

A meta é reduzir a intensidade de emissões de GEE por tonelada de produto vendido em 30% até 2030, quando comparado aos patamares obtidos em 2019.

Totalizando US$ 1 bilhão, com yield de 3,75% ao ano e cupom anual de 3,625%, a emissão dos bonds da JBS inclui meta intermediária, em relação ao ano de 2025. Caso não seja atingida, os juros a serem pagos pela companhia aos detentores do ativo sobem 0,25%, atingindo uma taxa de juros anual de 3,875%. Os títulos têm vencimento em 2032.

De acordo com a JBS, os recursos serão utilizados para estender o prazo médio de dívidas, refinanciando compromissos de vencimentos mais curtos, além de cobrir outros propósitos corporativos gerais.

A emissão dos títulos sustentáveis da JBS foi coordenada pelo Santander, Barclays, Bradesco BBI, Mizuho, XP e BTG Pactual.
De acordo com Patricia Genelhu, Head de investimentos sustentáveis e de impacto do BTG Pactual, “papéis sustentáveis e sociais têm vindo a mercado, além de grande popularidade do novo sustainability-linked, que promove as metas do desenvolvimento sustentável da ONU e garante maior flexibilidade ao emissor no uso dos recursos captados”.

Patricia complementa que as empresas têm se atentado aos benefícios intangíveis desse tipo de emissão e se familiarizado com os instrumentos que viabilizam o investimento, ao mesmo tempo em que o investidor internacional traz uma demanda crescente e o bolso brasileiro tem se educado sobre o tema.

Além disso, na visão de Patricia Genelhu, do BTG Pactual, os investidores têm a possibilidade de alinhar valores ESG em sua alocação de portfólio, perante algumas flutuações expressivas no mercado, algumas análises do desempenho deste tipo de ativo evidenciam menos volatilidade e mais resiliência.

“Achamos que era um bom momento para mostrar ao mercado nosso compromisso em reduzir a emissão de gases causadores de efeito estufa, já que anunciamos ser Net Zero até 2040. Acreditamos que adicionando metas diferentes em cada emissão adicionaremos mais compromissos usando diferentes KPIs”, avalia o CFO Global da JBS, Guilherme Cavalcanti.

Para ele, a consciência ambiental está disseminada no mercado. “Cada vez mais veremos finanças mais sustentáveis no Brasil, na medida em que a dívida sustentável pode dominar as emissões”.

Segundo fontes próximas à operação, a demanda total pelo negócio chegou a US$ 5 bilhões, com 60% dos pedidos provenientes dos Estados Unidos, Europa (30%), Ásia (6%), Oriente Médio (3%) e América Latina (1%).

Net Zero
Em março deste ano, a JBS apresentou sua meta de se tornar Net Zero até 2040. A companhia firmou o compromisso de zerar o balanço líquido de gases causadores do efeito estufa, reduzindo suas emissões diretas e indiretas, além de compensar toda a emissão residual.