Os Emirados Árabes Unidos assinaram nesta sexta-feira (3) um contrato para a aquisição de 80 caças franceses Rafale, coincidindo com a visita a Dubai do presidente francês Emmanuel Macron, para quem é uma “grande conquista do acordo estratégico entre os dois países”.

Esta aquisição, o maior pedido de aeronaves Rafale desde que a aeronave entrou em serviço em 2004, também é acompanhada por 12 helicópteros Caracal de longo alcance, por um total de mais de US $ 19 bilhões (incluindo US $ 2 bilhões em armamento e “equipamento militar associado”), de acordo com o ministério da Defesa francês.

“É uma grande conquista do acordo estratégico entre os dois países”, comemorou o presidente francês, que destacou a importância da presença de três bases militares francesas nos Emirados.

“É um sucesso para a França”, disse o CEO da Dassault Aviation (fabricante do Rafale), Eric Trappier, que assinou o contrato no primeiro dia da visita do presidente Macron a três países do Golfo, no qual se reuniu com o príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Mohamed bin Zayed, conhecido como MBZ.

As aeronaves serão entregues a partir de 2027. É a versão padrão F4 do Rafale, cujo desenvolvimento custará mais de 2 bilhões de dólares até 2024, e se apresenta como um “salto tecnológico, industrial e estratégico”.

Na França, a ministra da Defesa, Florence Parly, falou de um “contrato histórico” que contribui “diretamente para a estabilidade regional”.

Os Emirados Árabes Unidos foram o quinto melhor cliente da indústria militar francesa no período 2011-2020, com um valor de 5,3 bilhões de dólares em encomendas, segundo relatório do parlamento francês.

No entanto, Paris é alvo de críticas, pois suas armas foram usadas no conflito do Iêmen, no qual ONGs como a Anistia Internacional acusam a Arábia Saudita e seus aliados de supostos crimes de guerra.

Por sua vez, durante a visita de Emmanuel Macron, o acordo de extensão de dez anos da licença da filial do museu do Louvre de Abu Dhabi (inicialmente estabelecido em 2037) foi assinado até 2047, em troca de 186 milhões de dólares, um sinal do sucesso do estabelecimento inaugurado em 2017.

Macron, que também visitará o Catar e a Arábia Saudita durante sua viagem de três dias, quer abordar “a luta contra o terrorismo, o islamismo radical e seu financiamento”, pois considera essencial “cooperar com esses Estados para garantir a segurança dos franceses e dos europeus”, segundo a presidência francesa.

Macron também quer que a França desempenhe um papel como “um parceiro confiável e indispensável que fala a todos os atores” nas principais questões regionais (Líbano, Líbia, Iraque, o programa nuclear iraniano).

Por isso, espera-se que defenda o Líbano das sanções de vários países do Golfo, como a Arábia Saudita, que agravam a crise neste país.

Durante sua visita a Jidá, na Arábia Saudita, Macron será um dos primeiros líderes ocidentais a se encontrar com o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman (MBS) após o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi em Istambul.

A presidência respondeu às críticas das ONGs sobre o encontro, lembrando que “quando é necessário, aborda a questão dos direitos humanos com os seus interlocutores”.