A Embraer anunciou nesta quinta-feira (8) um lucro líquido de 246,8 milhões de dólares em 2017, o que significa 48,58% a mais que o lucro registrado no ano anterior, de US$ 166,1 milhões.

A terceira maior fabricante mundial de aviões informou ainda que o lucro do quarto trimestre de 2017 totalizou 35,2 milhões de dólares, muito abaixo dos 195,2 milhões de dólares do último trimestre de 2016 e também consideravelmente menos que os 110 milhões do trimestre precedente.

No conjunto, a empresa experimentou uma melhora no ano passado, depois que, em 2016, incorreu em gastos extraordinários por um plano de aposentadoria voluntária e pela investigação da FCPA, a lei americana antipropina no exterior.

A Embraer reportou um Ebitda – lucros antes dos juros, impostos, desvalorização e amortizações, o que mede o fluxo operacional das companhias – de 644,7 milhões de dólares em 2017 e uma margem do Ebitda de 11%.

– Boeing –

Em seu relatório anual, a empresa fez referência também às negociações que mantém com a americana Boeing desde o ano passado.

No entanto, reconheceu que não há garantias de que este ansiado acordo vá se concretizar.

“As negociações continuam avançando”, destacou.

“Dada a complexidade, é natural que a gente gaste mais tempo nessas análises e conversas (…) As partes estão bastante engajadas para encontrar uma alternativa”, afirmou, em uma telecoletiva de imprensa, o presidente da Embraer, Paulo Cesar de Souza.

Em fevereiro, fontes próximas à negociação afirmaram à AFP que as duas empresas estavam perto de um acordo que compreenderia aviões comerciais e jatos executivos da companhia brasileira, deixando as operações militares sob controle do gigante latino-americano.

A Embraer, nascida como grupo estatal em 1969, foi privatizada em 1994, mas o Estado conservou uma ‘golden share’ que permite ao governo vetar questões estratégicas.

Depois do anúncio do início das negociações, o governo de Michel Temer manifestou manifestou rapidamente que estava decidido a manter seu poder de veto na companhia em nome da soberania nacional, mas não rejeitou a associação da Embraer com um grupo estrangeiro.

A Embraer, além disso, confirmou em seu relatório que antecipa um panorama de transição em 2018 com sua aposta por aumentar a produção de seu novo modelo E2, previsto para entrar em serviço em 2018, assim como o novo modelo KC-390 no setor de defesa projetado para entrega às Forças Armadas brasileiras no segundo semestres de 2018.

Assim como quando reportou seus resultados no terceiro trimestre, a Embraer disse estar cuidadosamente otimista ante a expectativa de que o mercado mantenha em 2018 seus níveis de 2017 ou que suba levemente.

– Menos entregas –

A empresa entregou no ano passado 101 aeronaves comerciais e 109 aviões executivos, de acordo com suas previsões. No entanto, os pedidos foram inferiores aos de 2016, de 108 aeronaves comerciais e 117 executivas.

No quarto trimestre do ano, foram entregues 23 aeronaves comerciais e 50 aviões executivos, menos que as 32 comerciais e 43 executivas do mesmo período de 2016.

E sua receita foi de 5,839 bilhões de dólares em 2017, 6,1% a menos que em 2016 devido “ao declive nas entregas de aviões comerciais e executivos, apesar do aumento de 1,9% dos rendimentos no setor de defesa e segurança”, afirmou a dijo la empresa.

Isso levando em conta também a valorização do real frente ao dólar durante o ano.

No quarto trimestre, a receita foi de 1,733 bilhão de dólares, frente aos 2,027 do mesmo período de 2016.

Por segmentos, as receitas de 2017 foram registradas na Aviação Comercial, com 3,371 bilhões de dólares, o que representa 57,7% do total de rendas anuais.

Em segundo lugar, ficou a Aviação Executiva, com 1,484 bilhão de dólares e 25,4% de participação.

Em terceiro lugar, aparece o setor de Segurança e Defesa, que a Embraer buscou impulsionar nos últimos anos, com 950 milhões de dólares e uma participação do 16,3%.

A dívida líquida da empresa alcançou os 310,8 milhões de dólares em 2017.