O embaixador britânico nos Estados Unidos descreveu o presidente Donald Trump e seu governo como “ineptos” e “excepcionalmente disfuncionais”, segundo telegramas diplomáticos vazados e publicados pelo The Mail on Sunday.

O embaixador Kim Darroch teria dito que a presidência de Trump poderia “desabar e se incendiar” e “terminar em desgraça”, segundo uma série de circulares e relatórios enviados ao Reino Unido e aos quais o jornal britânico teve acesso.

“Realmente não acreditamos que esse governo se tornará substancialmente mais normal, menos disfuncional, menos imprevisível, menos rachado, menos torpe e inepto diplomaticamente”, teria escrito Darroch em um telegrama.

Segundo o jornal, o diplomata, de 65 anos, descreveu Trump como “instável” e “incompetente”.

Uma circular enviada após a controversa visita de Estado do mês passado de Trump ao Reino Unido, durante a qual ele foi recebido pela rainha Elizabeth II, afirma que o presidente americano e sua equipe ficaram “deslumbrados”, mas que o Reino Unido poderia não preservar sua boa imagem por muito tempo porque “continua sendo o país do Estados Unidos primeiro”.

Darroch teria escrito também que “as lutas internas e o caos” na Casa Branca, dos quais se fala muito nos Estados Unidos embora Trump as classifique de “notícias falsas”, são “verdadeiros na maioria dos casos”.

Darroch é um dos mais experientes diplomatas britânicos. Assumiu a embaixada do Reino Unido em Washington em janeiro de 2016, antes do início da presidência de Trump.

Segundo o The Mail on Sunday, as circulares, provavelmente vazadas por algum membro dos serviços civis britânicos, abarcam o período desde 2017.

Em um dos telegramas mais recentes, de 22 de junho, Darroch critica a política externa de Trump com o Irã, que provocou temores de um conflito militar, classificando-a como “incoerente” e “caótica”.

O diplomata teria dito que a afirmação do presidente de que cancelou no último minuto ataques em represália pela derrubada de um drone americano porque neles morrer 150 pessoas, “não se sustenta”.

“É mais provável que nunca tenha estado totalmente convencido e que estivesse preocupado sobre como se perceberia em 2020 essa mudança em relação a suas promessas de campanha de 2016”, teria escrito Darroch, referindo-se às próximas eleições presidenciais.

O ministério britânico das Relações Exteriores não questionou a veracidade desses telegramas diplomáticos.

“Os britânicos podem esperar que nossos embaixadores proporcionem aos ministros avaliações honestas sobre as políticas em seu país”, disse uma porta-voz.

“Suas opiniões não refletem necessariamente as opiniões dos ministros ou do governo”, acrescentou.

“Nossa equipe em Washington tem sólidas relações com a Casa Branca e ninguém duvida que essas resistirão a tal comportamento maldoso”, assegurou a porta-fez sobre eventuais consequências do vazamento.