Em menos de um ano, o desenvolvedor de software Roberto Iglesias, de 33 anos, viu sua dívida no cartão de crédito se multiplicar por dez. A situação financeira começou a apertar em agosto do ano passado. “Na época, eu tinha uma dívida de R$ 1,5 mil. Estava me organizando para quitar, mas perdi o emprego”, conta.

Os meses se passavam e nada aparecia. “Estava muito difícil. O pessoal ou exigia uma qualificação absurdamente alta ou oferecia um salário incrivelmente baixo – e às vezes os dois”, diz. Para não ficar parado, ele resolveu investir em um negócio próprio, de importação de peças para carros e de iluminação. As duas primeiras parcelas do investimento, de R$ 5 mil, foram pagas com o dinheiro da rescisão. O resto foi pago no cartão – mas o negócio não vingou, e a dívida só cresceu. “Nessa crise, o pessoal não está querendo gastar, e eu não consegui vender como planejava”, conta.

Em abril, um alívio: um emprego finalmente apareceu. Porém, durou pouco: dois meses depois, foi dispensado novamente. A dívida no cartão, que começara em R$ 1,5 mil, já escalou para R$ 15 mil. “Não tenho nem como tentar renegociar no momento, pois não tenho nenhuma fonte de renda”, diz ele, divorciado, que atualmente mora com a mãe e a avó. “Achei que eu fosse ter um retorno do trabalho extra ou uma recolocação mais rápida. Mas não aconteceu.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.