O grande temor dentro dos quadros de gestão das grandes empresas é enfrentar um mercado em disrupção. Isso aconteceu em diversos setores da economia. Depois de afetar a indústria da música e da informação, a tendência chegou até a mercados tradicionais como o de transportes e hospedagem. Alguns dos mais citados nos últimos tempos como próximos a sofrerem grande impacto têm sido os de varejo e de serviços financeiros. Mas respostas rápidas das empresas podem evitar grandes dificuldades nos negócios.

O Magazine Luiza é um exemplo de como responder aos desafios no ramo do comércio e, com isso, se tornou um destaque na valorização de suas ações e de sua marca. Mas essa história também pode ser contada a partir de Bradesco e Itaú, os dois maiores bancos privados do País, que assumiram as duas primeiras posições do estudo As Marcas Mais Valiosas do Brasil, feito pela Kantar com a DINHEIRO.Depois de seis anos na primeira posição, a cerveja Skol, da Ambev, caiu para o terceiro posto. “Essas empresas conseguiram evitar a ruptura de suas categorias com a ameaça das fintechs e possuem marcas fortes e grande exposição de mídia”, diz Eduardo Tomiya, diretor executivo da Kantar no Brasil. “Elas reagiram a uma ameaça de ruptura com ações sérias.”

Isso passa por abraçar a inovação. Tanto o Bradesco, com o Inovabra, quanto o Itaú, com o Cubo, criaram espaços de desenvolvimento de startups que possam trazer novidades para os seus negócios. Ao mesmo tempo, as empresas não se descuidaram de manter uma forte exposição de mídia, o que as fintechs não têm o mesmo fôlego financeiro para fazer. O Bradesco, por exemplo, patrocinou mais de 300 eventos no último ano, se aproximando de seus clientes. Entre os destaques, estão o Cirque du Soleil e o festival de música Lollapalooza.

“Foi um ano para conceituar os valores do Bradesco”, disse Octávio de Lazari Junior, presidente do Bradesco. “Somos uma marca a favor das causas da sociedade, do diálogo, da diversidade, da inovação e da eficiência.” Essa agenda passou pela reestilização da logomarca, em busca de um design mais leve, até mesmo no tom das cores. “A marca transmite os nossos valores permanentes, mas também precisa acompanhar a mudança de comportamento da sociedade e das pessoas ao longo do tempo. Queremos chegar na cabeça das pessoas pedindo licença, sem imposição, sem soberania”, afirmou. “Assim, a marca passa mais contemporaneidade e a mensagem de compartilhar experiências com forte inspiração nos meios digitais.”

Hoje, a maior parte das transações do banco acontece nos canais digitais. Esse novo mundo precisa ser considerado. Por isso, o banco também lançou a BIA (Bradesco Inteligência Artificial), uma ferramenta de inteligência artificial para se comunicar com o cliente, o mercado e o público interno. O que pode acontecer até por meio do WhatsApp. Ainda apresentou a marca Next, um banco digital, sem agências, voltados aos clientes mais jovens. Mas tudo isso precisa acontecer preservando a abrangência de clientes de um banco tão tradicional. “Temos hoje, pelo menos, cinco gerações de clientes”, diz Glaucimar Peticov, diretora executiva do Bradesco. “Precisamos atender a pessoa idosa que quer ir tomar cafezinho na agência e o jovem do Next.”


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