Uma internet até 100 vezes mais rápida que a atual é o mínimo que se espera do 5G. Conexões ultravelozes e maior estabilidade potencializam soluções de IoT (internet das coisas), comandos de voz, reconhecimento facial, robotização de processos industriais e troca de dados em larga escala. Essa revolucionária gama de possibilidades, contudo, contrasta com a morosidade nos procedimentos burocráticos para sua implementação no País. Com o Ministério das Comunicações à frente, o esperado leilão das frenquências de 5G segue em ritmo tão lento quanto o da internet discada do milênio passado. Questões políticas e técnicas têm adiado a data para o lançamento do edital. Na sexta-feira (29) uma portaria do Ministério das Comunicações estabeleceu uma série de diretrizes para os interessados. Apesar de algumas normas definidas, há mais dúvidas do que certezas.

Além da exigência de uma rede privativa de alta segurança para uso de órgãos do governo federal, a portaria prevê a instalação de equipamentos no formato Release 16 (standalone), sistema caro e sem interface com o 4G. Isso exigiria investimentos mais altos por parte das empresas. Redes de cabo de fibra óptica por 48 mil quilômetros de rodovias federais, 7 mil quilômetros de redes sub-fluviais na região amazônica (sem estudo de impacto ambiental) e extensões de conexões para o Nordeste são alguns dos itens polêmicos da portaria. Para a presidente da Feninfra (federação que reúne empresas de infraestrutura de redes de telecomunicações), Vivien Mello Suruagy, o edital pode atrasar o leilão ainda mais. “Temos de ter segurança jurídica, critérios bem definidos, questões regulatórias definidas, quantificações, trajetos orçados”, afirmou à DINHEIRO a líder da entidade que representa 57 mil empresas no País. “Envolve grande investimento e temos de ter uma equação que feche”, disse. A expectativa do setor é a de que o leilão seja efetivado em maio.

Mateus Bonomi

48 mil quilômetros de cabos de fibra ótica em estradas federais estão entre as exigências da portaria que o ministro fábio faria publicou para o leilão do 5g.

VIAGENS O ministro das Comunicações, Fábio Faria e integrantes do TCU (Tribunal de Contas da União) embarcaram na terça-feira (2) para conhecer empresas que usam a tecnologia 5G na Europa (Suécia e Finlândia) e Ásia (Coreia do Sul, Japão e China). As viagens podem acelerar os trâmites por aqui.

Ainda assim, mesmo depois de superados os problemas relativos ao leilão, o Brasil enfrentará outro debate acalorado: a lei das antenas. Hoje há 100 mil delas para atender as redes 3G e 4G. A quinta geração de internet vai demandar outras 700 mil. As cidades estão discutindo suas próprias legislações para receber os equipamentos. Discussões que também andam na velocidade da internet discada.