Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) – A plataforma Covantis, integrada pelas principais tradings globais de grãos, já deu suporte para negócios de cerca de 25 milhões de toneladas de soja em menos de dois meses de existência, disseram nesta quarta-feira executivos da empresa.

Lançada em fevereiro para conectar o setor agroindustrial por meio de uma plataforma digital independente e confiável, com o uso da tecnologia “blockchain”, a Covantis apoiou acordos que devem representar entre 35% e 45% das exportações brasileiras da oleaginosa, destacou o executivo da área comercial da Covantis, Sorin Albeanu, em conferência online.

Para obter tal relevância em tão pouco tempo, a companhia, que tem como sócios fundadores ADM, Bunge, Cargill, Cofco, Louis Dreyfus e Viterra (da Glencore), agregou mais dez empresas agrícolas à plataforma em 22 de março –formando um grupo que respondeu por 75% das exportações de soja e milho do Brasil em 2020.

“Pessoas da América do Sul… Europa, Ásia, América do Norte estão conectadas à plataforma para trocar dados, e isso é apenas o começo”, disse o executivo.

“O plano é continuar crescendo para maximizar a liquidez, os fluxos”, acrescentou ele. “É um processo… Estamos trazendo inovação para algo que não mudou por décadas”, destacou o executivo, citando o impacto da tecnologia para o comércio global de grãos.

Ainda neste segundo trimestre, a Covantis espera adicionar mais quatro ou cinco grupos, elevando a representatividade dos participantes da plataforma para algo equivalente a cerca de 87% do volume de grãos embarcado pelo Brasil no ano passado.

No segundo semestre, outras dez companhias devem aderir, disse ele.

As negociações começaram pela soja, uma vez que o Brasil estava iniciando o período de colheita na época do lançamento dos negócios da Covantis. Mas a plataforma quer expandir para milho e farelo de soja.

Segundo o presidente do Comitê de Contratos da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Marcos Amorim, que participou do evento mais cedo nesta quarta-feira, a Covantis é um projeto antigo e “desejado” pelos associados da entidade, e que agora está materializado.

Ele mencionou que as operações começaram pela soja brasileira, mas a intenção é de que ocorra a expansão da Covantis para o comércio global, e o próximo mercado a entrar seria o dos Estados Unidos.

“Com a tecnologia de blockchain você consegue manter uma grande base de dados, com segurança e com gasto pequeno”, explicou, na expectativa de que o sistema deverá envolver praticamente toda a soja exportada pelo Brasil.

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