Por Pavel Polityuk e Max Hunder

KIEV (Reuters) – O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez uma visita não anunciada a Kiev nesta segunda-feira, prometendo ficar ao lado da Ucrânia pelo tempo que for necessário, em uma viagem programada para ofuscar o Kremlin antes do aniversário de um ano da invasão da Ucrânia pela Rússia.

Biden, de óculos escuros, caminhou lado a lado com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, que usava um uniforme militar verde, pelo centro de Kiev até uma catedral de domo dourado, numa manhã de inverno brilhante atravessada por sirenes de ataque aéreo.

“Quando Putin lançou sua invasão há quase um ano, ele pensou que a Ucrânia era fraca e o Ocidente estava dividido. Ele pensou que poderia durar mais do que nós. Mas ele estava completamente errado”, disse Biden.

“O custo que a Ucrânia teve de pagar é extraordinariamente alto. Os sacrifícios têm sido grandes demais… Sabemos que haverá dias, semanas e anos difíceis pela frente.”

Fora da catedral, tanques russos queimados haviam sido colocados como símbolo do fracasso de Moscou no ataque à capital no início de sua invasão, quando suas forças chegaram rapidamente às muralhas da cidade, apenas para serem repelidas por uma resistência inesperadamente feroz.

Desde então, dezenas de milhares de civis ucranianos e soldados de ambos os lados morreram, cidades foram reduzidas a escombros e milhões de refugiados fugiram. A Rússia alega ter anexado quase um quinto da Ucrânia, enquanto o Ocidente tem empenhado dezenas de bilhões de dólares em ajuda militar a Kiev.

O presidente dos EUA prometeu mais 500 milhões de dólares em armamento, incluindo munição de artilharia, sistemas antitanque e radares de defesa aérea, além de sanções mais rígidas contra a Rússia.

“Esta visita do presidente dos EUA à Ucrânia, a primeira em 15 anos, é a visita mais importante em toda a história das relações Ucrânia-EUA”, disse Zelenskiy.

O ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmitro Kuleba, chamou a visita de uma “vitória do povo ucraniano e do presidente Zelenskiy” e um sinal claro para “o pântano” — a Rússia — de que “ninguém tem medo de você!”

A visita foi claramente programada para ofuscar o presidente russo, Vladimir Putin, que fará um importante discurso na terça-feira estabelecendo objetivos para o segundo ano do que agora ele chama de guerra por procuração contra o poder armado de Washington e da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

“É claro que, para o Kremlin, isso será visto como mais uma prova de que os Estados Unidos têm apostado na derrota estratégica da Rússia na guerra e que a guerra em si se transformou de forma irreversível em uma guerra entre a Rússia e o Ocidente”, disse Tatiana Stanovaya, uma analista política russa.

O aniversário da invasão tem assumido mais do que um significado simbólico, tornando-se o que o Ocidente enxerga como a principal motivação para a fase mais mortal da guerra, com Moscou lançando milhares de recrutas e mercenários em uma ofensiva de inverno.

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