Com um dos anúncios recentes que mais movimentaram o mundo da tecnologia, o Meta (antigo Facebook) jogou luz em um universo que, apesar de ativo há décadas, ainda é pouco explorado entre o grande público. O Metaverso, que deve ser o próximo passo entre o casamento do mundo real com o mundo digital, já é considerado pela Grayscale uma “oportunidade de US$ 1 trilhão” e o Morgan Stanley aposta que o setor deve gerar bilhões para o mercado de luxo.

E o que é metaverso? Grosso modo, o metaverso é a união de experiências entre mundo real e mundo digital. Neste espaço – que pode ter vida em uma plataforma de jogo online, com recompensas e missões a cumprir, ou simplesmente uma rede social de interação entre os usuários – a ideia é que a pessoa vivencie uma experiência imersiva.

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Nesse mundo paralelo você pode criar avatares, personalizá-los, comprar objetos únicos (os chamados tokens não fungíveis, ou NFT) e se divertir no ambiente. Isso tudo financiado por criptomoedas, mercado que ganhou vida própria com a ascensão do Bitcoin durante a pandemia.

Mark Zuckerberg foi um dos entusiastas que colocou o Facebook como empresa que vai liderar esse processo de massificação do metaverso, mas big techs como Microsoft, Google, Amazon, além da Disney, Nike e Adidas, também já se movimentam para abocanhar um pedaço deste mercado que está em desenvolvendo.

Semelhanças com o Second Life

Anunciado no começo dos anos 2000, o Second Life apresentava uma proposta semelhante ao Metaverso que conhecemos hoje em dia. A diferença é que ali a ideia da rede era criar um ambiente de socialização entre as pessoas e, eventualmente, das empresas, que chegaram a criar espaços próprios para criar experiências virtuais com clientes.

Heitor Miguel, CTO da Biobots, startup especializada na criação e desenvolvimento de produtos como NFT e avatares, explica que existem semelhanças entre o metaverso e o Second Life. A diferença está no aspecto financeiro do jogo e no dinamismo do uso dos produtos digitais.

“A diferença é que no Second Life você não tinha formas de dinheiro, não tinha a propriedade dos itens. O dinheiro no metaverso é a criptomoeda e as coisas são NFTs. Então, o carro vai ser um NFT, o terreno e a casa vão ser um NFT, o tênis, a roupa. Ele fica muito mais atrativo e dinâmico”, explicou o CTO da Biobots.

Um mundo de oportunidade$

O jogo The Sandbox coloca os usuários na categoria de criadores e possibilita a monetização dos ativos criados no ambiente virtual. A ideia é fazer com que o usuário receba recompensas por jogar, não somente pagar para jogar, fato que atraiu mais de 40 milhões de usuários nos últimos anos. No Sandbox os usuários usam a criptomoeda SAND, ativo que valorizou mais de 6.000% nos últimos 12 meses, segundo a Cointelegraph.

Um iate virtual foi vendido na semana passada por 149 ether, cerca de US$ 650 mil (R$ 3,65 milhões) e se tornou o NFT mais caro negociado na plataforma. Criado pela Republic Realm, empresa desenvolvedora de metaverso, o Megaflower Super Mega Yacht conta com dois helipontos, hidromassagem, cabine para DJ, entre outros itens de luxo.

Outro exemplo de ambiente é o Decentraland, que recentemente serviu como espaço para a venda de um terreno virtual por 618 mil manas, a criptomoeda nativa do game. Essa quantia, no mundo real, é o equivalente a US$ 2,5 milhões (R$ 14 milhões) e foi a venda mais cara do jogo. Neste caso, o terreno possui 116 sublotes, cada um medindo 5 metros quadrados, espaço equivalente a 566 metros quadrados.

A Biobots, por exemplo foi criada recentemente com um investimento inicial de R$ 20 milhões e planeja um faturamento de R$ 200 milhões até 2023. A ideia da companhia é desenvolver NFTs para grandes marcas e celebridades e um desses personagens desenvolvidos é a Satiko, influenciadora virtual da apresentadora Sabrina Sato, que conta com personalidade própria, ligada à moda e ao mundo da beleza.

Instagram will load in the frontend.

O SoftBank, conglomerado japonês, indicou que vai aportar US$ 150 milhões no Projeto Zepeto, plataforma sul-coreana com 2 milhões de usuários. Segundo o Wall Street Journal, 70% dos usuários é composto por mulheres entre 13 e 24 anos.

“Serão várias formas de negociar dentro do multiverso, porque, querendo ou não, pessoas que ainda não sabem mexer com criptomoedas, não sabem como criar uma carteira virtual e vão ter dificuldade para entrar. As pessoas aprendem rápido, mas acredito que as empresas vão facilitar isso, criando um caminho para pagar com cartão de crédito, por exemplo”, indicou Heitor Miguel, da Biobots.