As cotações do dólar mostraram inconstância ao longo desta sexta-feira, 16, em meio a influências diversas, desde os fluxos cambiais até as especulações em torno da reforma da Previdência. Nenhum desses, no entanto, foi expressivo ao ponto de consolidar uma tendência mais firme da moeda. Segundo operadores, as cotações continuaram bastante sensíveis aos movimentos de entrada e saída de recursos do País.

Dessa forma, ingressos pontuais teriam favorecido a queda do dólar à tarde, na contramão da tendência internacional de fortalecimento da divisa americana, que ocorria tanto ante moedas fortes quanto ante as emergentes. No mercado à vista, o dólar terminou o dia cotado a R$ 3,2256, em baixa de 0,12%. Na semana, acumulou baixa de 2,12%. Os negócios somaram US$ 389,8 milhões, segundo dados da B3. No mercado futuro, o dólar para março caiu 0,09%, aos R$ 3,2350, e com US$ 17 bilhões movimentados.

O noticiário doméstico voltou a ganhar relevância, a partir da decisão do governo de decretar intervenção federal no Rio de Janeiro. As dúvidas e especulações giraram em torno da possibilidade de o decreto inviabilizar a tramitação da reforma da Previdência. Isso porque a Constituição Federal não aceita emendas na vigência de intervenção federal, estado de defesa ou estado de sítio.

Para Hideaki Iha, operador de câmbio da Fair Corretora, apesar do noticiário mais intenso, o cenário político não chegou a influenciar as cotações. Em um ambiente de liquidez reduzida, disse, pequenos fluxos exerceram influência significativa sobre as cotações. “A evidência de que o cenário político não chegou a influenciar os negócios foi o desempenho da bolsa, que não trouxe sobressaltos. É um termômetro que permaneceu tranquilo”, afirmou.

Pela manhã, a cotação do dólar à vista oscilou em pequenos intervalos, mas ganhou fôlego no início da tarde, acompanhando a tendência externa de apreciação da moeda. Assim, chegou à máxima de R$ 3,2481, com valorização de 0,58%. No meio da tarde, a divisa perdeu fôlego, voltou ao terreno negativo e bateu sucessivas mínimas, até alcançar o menor valor intraday, de R$ 3,2026 (-0,83%). A desaceleração da queda no final dos negócios coincidiu com o fortalecimento do dólar ante moedas fortes, que se acentuou também entre as emergentes.