Demissões, desemprego parcial e redução de salários de diretores se multiplicam nos meios de comunicação, devido a um declínio da publicidade provocada pela pandemia do novo coronavírus.

Primeiras vítimas na imprensa

Na França, muitos jornais (Le Parisien, La Nouvelle République, Centre-Ouest) puseram seus funcionários em desemprego temporário, particularmente em serviços nos quais a atualidade foi reduzida pela pandemia.

A imprensa esportiva também recorreu a esta fórmula, após a suspensão total das competições. O jornal Paris-Normandie, que já enfrentava problemas, está em liquidação judicial.

Na Grã-Bretanha, a revista The Economist anunciou que demitirá 90 trabalhadores de apoio e o jornal The Guardian pôs uma centena de trabalhadores em desemprego temporário.

Na Itália, funcionários da agência de notícias ANSA fizeram greve de 48 horas para protestar por um plano de emergência, que “faz pagar os redatores para conseguir o equilíbrio”, afirmaram.

Nos Estados Unidos, o grupo Conde Nast (Vogue, Wired e New Yorker) anunciou a demissão de cem pessoas de um total de 6.000 funcionários. A revista Fortune cortou 35 empregados, um décimo de sua equipe, e reduziu em 30% o salário dos diretores.

Desde o início da crise, mais de 36.000 funcionários de veículos americanos, que já estavam com seus pagamentos no mínimo nos últimos anos, foram afetados pela redução de custos, segundo análise do New York Times.

Em todo o país, cerca de 40 publicações locais anunciaram pelo menos 373 demissões, segundo lista atualizada pelo portal Poynter.

O grupo proprietário do Los Angeles Times, principal jornal da cidade que “perdeu mais de um terço de sua receita publicitária e espera perder mais da metade nos próximos meses”, dispensou cerca de quarenta funcionários no pessoal de apoio, segundo cartas internas às quais teve acesso o New York Times.

A web em crise

A informação online não está melhor, com 300 empregos perdidos nos Estados Unidos, segundo contagem da Poynter.

O grupo Vice Media vai demitir 55 funcionários nos Estados Unidos e cem em nível internacional, segundo nota enviada pela direção do grupo ao pessoal, divulgada pela imprensa americana.

Para além da crise sanitária, a direção acusou os Gafa, os gigantes da web, de serem uma “ameaça” para a informação online e não abocanhar “não só o maior pedaço do bolo, mas o bolo inteiro”, provocando a perda de dezenas de milhares de empregos no jornalismo.

A página de informação e entretenimento Buzzfeed, que anunciou no fim de março reduções de salários de 5% a 25% em função da renda, também porá fim à cobertura de atualidade em Reino Unido e Austrália.

Para muitos, a crise é o momento de acelerar a transição para o modelo econômico por assinatura, mais estável.

É o caso do portal americano de informação econômica Quartz, que vai demitir cerca de 40% de seus funcionários, principalmente no setor publicitário, anunciou seu proprietário, o grupo japonês Uzabase.

O audiovisual em desemprego temporário

O setor audiovisual também recorreu ao desemprego temporário. Nos Estados Unidos, a NBC-Universal reduziu em 20% os maiores salários, segundo o Wall Street Journal.

Na França, a rede de televisão privada TF1 colocou um terço de seus funcionários em desemprego temporário em abril. A BFMTV/RMC, emissora de informação contínua, acaba de anunciar um plano social que pretende dividir por dois o recurso aos colaboradores e consultores.

Quanto às rádios, 90% das emissoras independentes recorreram ao desemprego parcial em abril, segundo uma pesquisa de seu sindicato, o SIRTI. Esta medida pode ser mantida por um terço das emissoras até o fim de agosto antes de recuperar um equilíbrio.