O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (15), em uma carta endereçada ao colega americano, Joe Biden, estar disposto a trabalhar com a comunidade internacional para “a proteção ambiental” da Amazônia e prometeu acabar com o desmatamento ilegal no Brasil até 2030.

Bolsonaro afirmou que isto exigirá “recursos vultosos” e pediu “todo o apoio possível” da comunidade internacional, governos, empresas e sociedade civil.

“Queremos reafirmar nesse ato, em inequívoco apoio aos esforços empreendidos por V. Excelência, o nosso inequívoco compromisso em eliminar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030”, diz a carta de sete páginas que a Presidência divulgou nesta quinta às vésperas da cúpula virtual de chefes de Estado sobre mudanças climáticas, organizada por Washington e que será celebrada em 22 de abril.

O Brasil se comprometeu com esta meta ao assinar em 2015 o Acordo de Paris, um pacto internacional sobre as mudanças climáticas que visa a limitar o aquecimento global a 2° Celsius com base nos níveis pré-industriais e continuar os esforços para reduzir esta meta a 1,5°C.

Mas a chegada de Bolsonaro ao poder em 2019 pôs em dúvida estes objetivos, em vista de suas posições favoráveis à exploração de minério e agropecuária em reservas naturais e terras indígenas.

O presidente chegou, inclusive, a protagonizar duros enfrentamentos públicos com o presidente francês, Emmanuel Macron, e o próprio Biden, que criticaram o aumento do desmatamento no Brasil durante seu mandato.

“É com esse espírito que participarei da Cúpula de Líderes: o de reafirmar a disposição do meu país e minha própria disposição de trabalhar de mãos dadas com a comunidade internacional em prol da proteção ambiental e do desenvolvimento sustentável da Amazônia”, afirma Bolsonaro na carta, em uma aparente mudança de tom.

O presidente reconhece na mesma o aumento das taxas de desmatamento no país desde 2012 e anuncia a possibilidade de antecipar de 2060 a 2050 a meta de alcançar a neutralidade de carbono, que implica na total compensação das emissões de gases de efeito estufa.

Tanto para este objetivo, quanto para acabar com o desmatamento ilegal, destaca a necessidade de obter “recursos significativos”.

“O Brasil merece ser justamente remunerado pelos serviços ambientais que seus cidadãos têm prestado ao planeta”, continua a carta, na qual ratifica os compromissos de redução de gases de efeito estufa contemplados no Acordo de Paris.

Durante a campanha eleitoral no ano passado, Biden prometeu arrecadar 20 bilhões de dólares entre vários países para que o Brasil deixasse de desmatar e advertiu para “consequências econômicas significativas” se não o fizesse. Bolsonaro reagiu com um tuíte: “Nossa soberania é inegociável”.

Bolsonaro, um ultradireitista aliado ideologicamente ao ex-presidente Donald Trump, foi o último líder do G20 a reconhecer a vitória de Biden.

Após a chegada de Biden ao poder, os Estados Unidos disseram esperar do Brasil “mais passos concretos” contra as mudanças climáticas.

A destruição da floresta amazônica, um recurso-chave no combate às mudanças climáticas, aumentou durante a gestão de Bolsonaro, impulsionando as emissões de carbono do Brasil.

Entre agosto de 2019 e julho de 2020, período de referência para medir o desmatamento, a devastação da Amazônia brasileira aumentou 9,5%, destruindo uma área maior do que a Jamaica, segundo cifras do governo.