Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro reafirmou nesta quarta-feira a necessidade de ter ministros alinhados com seu campo político no Supremo Tribunal Federal (STF) para aprovar pautas de seu interesse e relembrou, em conversa com deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que o próximo presidente indicará mais dois ministros para a corte.

“Quem se eleger presidente no ano que vem, no primeiro semestre… indica mais dois ministros do STF. Se for alinhado conosco, (nota) 10. Ficam quatro garantidos lá dentro. Além de outros que votam com a gente. Não é que votam com a gente, votam as pautas que têm que ser votadas do nosso lado”, afirmou.

Bolsonaro disse ao grupo de aproximadamente 40 parlamentares –entre nomes da FPA e outros que estavam ali apenas por serem aliados de Bolsonaro, como Bia Kicis (PSL-DF)– que não estava “pedindo votos” ou se lançando candidato, mas que era preciso pensar bem em quem estaria na Presidência a partir de 2023.

“Então isso é primordial. Ninguém está pedindo voto, nem se lançando candidato. Mas uma pessoa alinhada a nós tem que estar sentada naquela cadeira a partir de 23”, disse.

O presidente tem repetido o fato de que o próximo presidente indicará mais dois ministros e da necessidade de ter mais ministros conservadores e de direita no STF. Apesar de ter amainado as críticas públicas nas última semanas, depois de ver crescer as ameaças de impeachment por seus constantes ataques à corte e à democracia, Bolsonaro tem uma relação de conflito constante com o STF.

Por trás da animosidade com o Judiciário, estão processos contra ele e seus filhos. Nesta quarta, por exemplo, o Supremo deve decidir se o presidente terá que depor presencialmente no inquérito em que é acusado de tentar interferir na Polícia Federal.

Bolsonaro indicou já dois ministros ao STF. O primeiro, Nunes Marques, foi apontado para o cargo no final do ano passado em substituição a Celso de Mello. O segundo, André Mendonça –ex-ministro da Justiça e ex-Advogado Geral da União do atual governo– , foi indicado em julho para substituir Marco Aurélio Mello.

No entanto, sua sabatina nem sequer foi marcada ainda pelo presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que resiste à indicação do ex-ministro.

Para tomar posse, os ministros do STF precisam passar por sabatina e serem aprovados na CCJ. Depois, o nome vai a plenário do Senado para votação secreta.

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