Não foram poucas as turbulências no caminho traçado pela Alitalia na última década. O roteiro crítico do período incluiu, entre outras passagens, 11 CEOs e quedas sucessivas no faturamento da companhia aérea desde 2011. Diante do cenário nebuloso, os acionistas da empresa – controlada pela holding estatal Compagnia Aerea Italiana (CAI), que detém 51% de seu capital –, aprovaram, em maio do ano passado, um plano de recuperação que colocou a operação, um dos símbolos italianos, sob “administração extraordinária” do governo local. Mesmo ainda tímido, o primeiro resultado veio com o crescimento de 1% na receita em 2017, para € 3 bilhões. Agora, a nova gestão busca sócios para recolocar a outrora poderosa bandeira em um horizonte mais seguro. A gigante alemã Lufthansa, a britânica EasyJet e o fundo de investimentos Cerberus estão interessados no negócio.

O prazo para a escolha do novo destino da Alitalia é o fim de outubro, quando o governo italiano anunciará se a empresa passará por uma fusão, aquisição ou uma intervenção do Estado. “As duas correntes políticas que estão tocando o governo neste momento disseram que gostariam de manter a Alitalia o mais italiana possível”, afirma Fabio Maria Lazzerini, que em setembro foi nomeado diretor comercial global e responsável por gerenciar as receitas da Alitalia nesse período de transição. “As fusões são formas encontradas para tentar sobreviver em um ambiente onde só existem grandes companhias”, diz Francisco Lyra, presidente do Instituto Brasileiro de Aviação. “A necessidade de se fazer grandes investimentos para modernizar a frota é custosa para um Estado bancar.”

O Brasil é visto como um ponto estratégico para alavancar as vendas internacionais e dar fôlego à empresa. Para isso, a companhia ampliou a oferta de um voo para três voos diários, que partem de São Paulo e do Rio de Janeiro para Roma. O grupo também trouxe novas aeronaves, de maior porte, para atender à crescente demanda no País, e assinou um acordo de codeshare com a Avianca, que acrescentou 21 destinos nacionais e internacionais à sua oferta (leia mais aqui). Neste ano, a empresa pretende transportar mais de 500 mil passageiros na rota entre Brasil e Itália. Em 2017, foram 420 mil. Globalmente, para atrair turistas, a aérea desenvolveu o portal Discover Italy e renovou o cardápio das viagens com pratos e bebidas típicas italianas. Outra novidade foi o programa Stopover, com conexão de três noites na capital italiana, onde os passageiros ainda podem deixar bagagens pesadas no aeroporto e obter descontos em hotéis.