Na hora de escolher um investimento em renda fixa, bancos médios, digitais ou mesmo algumas fintechs podem ser opção mais rentável do que instituições tradicionais. Levantamento feito pelo buscador de investimentos Yubb mostra que o rendimento do CDB chega a 28,9% a mais nos bancos médios do que nas cinco maiores instituições do País, considerando opções de liquidez diária.

Há ainda a possibilidade de começar a investir com menos dinheiro. Aportes iniciais em bancos tradicionais ficam na média em R$ 1 mil. Em novos players é possível investir em um CDB com qualquer valor a partir de R$ 1.

Bancos médios ficam na liderança de rendimentos em relação aos grandes em todas as faixas de valor investido. Em valores de até R$ 1 mil, a rentabilidade é em média 29,51% maior que nas instituições de grande porte; de R$ 1.001 a R$ 10 mil, essa porcentagem é de 23,12%; e de R$ 10.001 mil a R$ 50 mil, de 16,03%.

De acordo com Thiago Brehmer, líder de serviços financeiros da Grant Thornton Brasil, empresas mais jovens têm, com sua linguagem e modelo de negócios focado em tecnologia, a possibilidade de alcançar um público diferente dos grandes bancos. “Alguns deles falam muito em ‘desbancarização’, mas no fim o que proporcionam é um maior acesso ao mercado financeiro. ‘Bancarizam’ mais pessoas por serem mais acessíveis e ágeis”, explica.

Para o especialista, não há, necessariamente, uma ameaça às instituições tradicionais em virtude da rentabilidade dos bancos menores, já que, por sua estabilidade, os grandes bancos podem proporcionar outros benefícios, como investimentos diferenciados para clientes de maior poder aquisitivo.

O professor Michael Viriato, do Insper, explica que a oferta mais agressiva das novas empresas é possível graças às condições em que se encontram. Com estrutura já montada, mas sem carteira de clientes estabelecida, elas têm de aumentar seu alcance. Em contrapartida, bancos maiores, com carteira de clientes sólida, avaliam mais os custos de operação ao criar produtos de investimento.

“Toda aplicação tem um custo para armazenar informações e registros. Ao aceitar aportes menores e com maior rentabilidade, os bancos arcam com esses custos. No caso de instituições mais jovens, o custo da estrutura já existe, logo, compensa preencher essa ociosidade com menor lucro. São como um avião voando vazio”, diz Viriato.

Quando se fala da segurança dos clientes em confiar seu dinheiro às instituições mais novas outras questões entram em jogo. O fato de bancos tradicionais contarem com a vantagem de serem “muito grandes para quebrar” faz com que clientes prefiram ter uma rentabilidade menor, em troca da sensação de tranquilidade de não perder seus recursos.

Para Brehmer, o primeiro passo para quem deseja a lucratividade de bancos menores com segurança é fugir de produtos que não sejam cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito, que garante depósitos de até R$ 250 mil por emissor. Letras de crédito privado, como debêntures de empresas, são exemplos de renda fixa que não têm essa proteção. Nesse sentido, valeria mais a pena concentrar investimentos em CDBs e RDBs, diz o especialista.

“Muitas vezes quem oferece a segurança ou o risco é o próprio produto e não a instituição pela qual você investe. Quando se trata de fundos, por exemplo, o mesmo produto pode ser vendido em instituições diferentes, portanto, a segurança da aplicação será a mesma em um grande ou médio banco e em bancos digitais”, diz Viriato.

Outra dica frequente de especialistas é não deixar toda a sua reserva financeira em uma instituição só, assim, no caso de uma delas quebrar, o cliente não perderá a liquidez de todos os seus recursos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.