O pequeno investidor se apavorou com a crise nos mercados financeiros. Os números do Banco Central demonstram que, no mês passado, saíram para o exterior US$ 616 milhões por meio das chamadas contas CC-5. Oficialmente, as contas servem para que pessoas e empresas não fixadas por aqui possam movimentar saldos em dólares em bancos do País. Na vida real, porém, elas abrigam a movimentação financeira de brasileiros que querem fazer seu dinheiro entrar e sair do País sem dar explicações ao governo. Em condições normais, sem tensão, há fluxo nos dois sentidos, entrando e saindo. A partir da segunda quinzena de maio, praticamente só houve saídas. Os agentes dessa corrida são pequenos e médios empresários e os executivos que chefiam suas companhias. Nas empresas eles estão sendo comedidos e até agora evitaram correr para o dólar e para os bancos no exterior. Com o próprio dinheiro, entretanto, estão se deixando levar pelo medo.

O estilo ponderado que adotam nas empresas se deve à lembrança de perdas sofridas no ano passado, quando, após o atentado de 11 de setembro, todas encheram-se de dólares. Compraram a moeda perto de R$ 2,80 e tiveram que vendê-la de volta por preços menores, de até R$ 2,30. Tiveram prejuízo e adquiriram um trauma. Mas, na hora de cuidar de suas economias pessoais, o pânico falou mais alto. Em março e abril, houve uma onda de abertura de contaso CC-5 e em paraísos fiscais. Eram os assustados. No início, limitaram-se a abrir contas e mandar quantias na faixa dos US$ 50 mil. Quando o clima esquentou, começaram a remeter dinheiroo. Mas estão pagando caro pelas remessas. Mandar o dinheiro para o exterior tem vários custos. Os bancos cobram CPMF duas vezes na operação. Quem remete R$ 100 mil, perde quase R$ 800,00. Além disso, a rentabilidade das aplicações no exterior é muito menor do que no Brasil. Por fim, se a cotação do dólar cair, o investidor terá perdas ao trazer o dinheiro de volta para o País. Manter a cabeça no lugar é um dos mandamentos principais que o bom investidor deve seguir nos momentos de irracionalidade no mercado. ?O investidor tem que estar consciente de que acidentes acontecem e precisa estar preparado para não desistir facilmente se houver uma crise?, sublinha Felipe Biolchini, administrador de renda fixa do BBA Icatu Investimentos. Aplicar em ativos de curto prazo e com liquidez pode ser uma forma de diminuir a instabilidade em seus investimentos. É o atrativo dos novos fundos DI que só aplicam em títulos de vencimento curto. Dólar, para quem tem toda a vida financeira em reais, é uma opção altamente especulativa. ?Você pode estar pagando caro?, alerta Edgar da Silva Ramos, presidente da corretora Ágora-Sênior. Para os mais arrojados, há a opção dos fundos de ações. Com a Bolsa em baixa, os papéis estão a preços baixíssimos. Podem se valorizar caso a economia melhore.