O filme “Não Olhe para Cima” (Don’t look up – 2021 – EUA – comédia de Adam McKay – disponível na Netflix) é bastante controverso. Ora parece chanchada, ora obra de arte. Mas a ideia central do roteiro cai como luva no papel de metáfora para a atitude que líderes empresariais precisam ter neste ano que se inicia.

Um meteoro de 9 quilômetros de diâmetro vai atingir a Terra em apenas 6 meses e 14 dias, a uma velocidade estonteante e com força arrasadora, podendo destruí-la completamente. Essa é a mola mestra do enredo que narra a preocupação de uns poucos cientistas e o negacionismo de políticos, de parte da mídia e da maioria da população.
Fiquei motivado a assistir o filme na Netflix quando soube do estrelado elenco: Meryl Streep, Leonardo DiCaprio, Cate Blanchett, Jennifer Lawrence e até Ariana Grande numa ponta.

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A decepção com o desenrolar do enredo não evitou a comparação que comecei a pensar com dirigentes que não querem “olhar para cima”. Aliás, alguns não querem olhar para lugar nenhum. Só olham o que desejam ver e se irritam quando alguém tenta mostrar algo diferente.

Outros se satisfazem em olhar para o umbigo da organização na qual trabalham como se ali fosse o centro do universo. O pior é que olham para si, no entanto, parece que não veem que, muitas vezes, o maior concorrente – o “meteoro” destruidor da empresa – está dentro de casa.

Isso mesmo! Seu maior concorrente não está no mercado nem no ambiente externo, porém, dentro da própria empresa: o modelo de negócio ultrapassado; a estrutura inadequada; os dirigentes que já cumpriram seu papel, mas não estão mais aptos para lidar com os desafios futuros; os sistemas e processos arcaicos; a tecnologia obsoleta; e a cultura plena de comportamentos contraproducentes.

O olhar improvisado, a olho nu e não treinado, às vezes, não consegue perceber as entrelinhas da dinâmica organizacional. Por isso, necessitam de alguém com experiência e independente que possa dizer o que, muitas vezes, os subordinados hierárquicos ou os que do líder dependem temem expressar.

Além dessa mirada íntima para detectar onde estão os seus dragões internos, alerto sobre cinco “meteoros” que os líderes empresariais precisam detectar, pois poderão atingir com força a sua empresa em 2022:

1. Novas demandas da sociedade por iniciativas sociais, ambientais e atitudes éticas;
2. Inovações tecnológicas disruptivas que tornam modelos de negócios obsoletos numa velocidade exponencial;
3. Novos concorrentes que nem sabemos de onde saem até que “roubam” nossa fatia de mercado;
4. Novidades na cadeia de suprimentos e nos desconcertantes e inusitados canais de distribuição;
5. Novos hábitos dos seus clientes que não perdoam a lentidão das suas decisões nem sua falta de sintonia com o que de fato valorizam.

Obviamente que as incertezas políticas e suas consequências na macroeconomia, no ano que se inicia, podem ser um cometa atropelador dos negócios. Além de buscar inovar e maximizar novas receitas, mesmo acessórias, os dirigentes precisarão ter pulso firme e atitude obstinada para a redução de desperdícios e custos improdutivos para a gestão do endividamento, evitando alavancar a empresa a um custo financeiro proibitivo e, em alguns casos, para impedir a imobilização desnecessária, optando por ser uma empresa “asset light”.

Ao iniciar o exercício de 2022, os líderes devem abrir bem os olhos e perscrutar com assertividade os possíveis “meteoros” acima, ao lado, abaixo, dentro ou fora, que possam afetar a empresa. Hora de olhar em todas as direções!