O empresário sul-africano Elon Musk é abastado em vários sentidos. Bilionário, com US$ 264 bilhões pelas estimativas mais recentes e dono da montadora Tesla, ele também é rico em polêmicas. Usuário compulsivo da rede social Twitter, onde tem cerca de 82 milhões de seguidores, ele frequentemente usa suas publicações ali para influenciar os preços das ações da Tesla, as cotações de diversas criptomoedas e externar suas opiniões nem sempre politicamente corretas. Seus tuítes o levaram a situações envolvendo desde suas empresas, como causar quedas nas ações e perder o cargo de diretor, até julgamentos por difamação.

No dia 14 de abril, Musk tuitou outra polêmica, ao sugerir que a rede não garantia a liberdade de expressão. Sua solução? Comprar a empresa, da qual já possui 9,1% do capital, e deslistar suas ações do mercado. Para isso, Musk disse estar disposto a desembolsar US$ 43 bilhões. Até o fechamento desta edição, a proposta ainda havia sido negada. Musk tentou conseguir crédito em três grandes instituições financeiras, Blackstone, Vista e Brookfield, mas os pedidos foram negados, segundo a agência Bloomberg.

A sugestão de Musk provocou uma forte oscilação nas ações do Twitter. Elas chegaram a ser negociadas a mais de US$ 50, para depois recuar com a rejeição da proposta. Musk tem tido vários desencontros com os controladores da companhia. Ao adquirir mais de 9% do capital, ele foi convidado, como de praxe, a fazer parte do Conselho de Administração da empresa, mas o convite foi rejeitado. Sua história com a plataforma é longa e tem comportamentos contraditórios, como bloquear usuários que o criticam, por exemplo.

TESLA Para os analistas de mercado, porém, mais importante do que a compra ou não do Twitter são os resultados da montadora Tesla, cuja divulgação estava agendada para a noite da quarta-feira (20). As expectativas eram de que os números seriam decepcionantes. “Os investidores devem se preparar para uma decepção desta vez devido às entregas da montadora”, afirmou o analista Luis Nuin, da Levante Ideias de Investimentos. Segundo ele, a produção no primeiro trimestre foi de 310 mil veículos, um recorde, mas apenas levemente superior aos 309 mil veículos entregues no trimestre anterior. No entanto, a expectativa dos analistas era de 325 mil veículos.

O desempenho foi afetado pelo fechamento da fábrica de Xangai devido às restrições da onda mais recente do coronavírus. Os resultados da Tesla também devem ser prejudicados pela inflação das matérias-primas. As baterias, um dos principais componentes dos carros, senão o mais importante, encareceram 73% no trimestre.

Isso, mais do que a proposta de compra do Twitter, deve nortear a paciência dos investidores da Tesla com a gestão de Musk. Pródiga em ironias, a rede pegou fogo com a sugestão. E um dos comentários mais pertinentes veio de um ex-funcionário da montadora. “Da próxima vez que você achar que está exagerando, lembre-se de que Elon Musk está realmente disposto a pagar
US$ 43 bilhões apenas para evitar que as pessoas riam dele no Twitter.”