A venda da fatia de 51% na EDP Brasil poderia render 2,3 bilhões de euros para a EDP portuguesa, segundo cálculos da Elliot Advisors. O desinvestimento, juntamente com outros, foi sugerido pela gestora de fundos como parte de uma estratégia de crescimento futuro do grupo, em alternativa em relação à oferta de aquisição feita pela China Three Gorges (CTG). “Dadas as restrições de capital existentes, EDP não é a proprietária certa para a EDP Brasil”, diz a Elliot em apresentação disponível em um site criado pela gestora com o nome “Empodere EDP”, no qual defende “um futuro mais brilhante para EDP”.

O valor estimado pela Elliot para a EDP Brasil implica um valor por ação de R$ 31, o que corresponde a um potencial de alta superior a 70% em relação ao preço atual, de cerca de R$ 18. Para chegar a esse preço, a gestora utiliza em seus cálculos um múltiplo de valor da empresa em relação ao Ebitda de 11 vezes, baseado no que seria uma média de transações precedentes realizadas entre 2014 e 2018, como a privatização da Cesp, a venda da Duke Energy, da Eletropaulo e da CPFL Energia.

Conforme destacou, a venda do controle da CPFL Energia para a chinesa State Grid foi feita a um prêmio de 62% e um múltiplo de EV/Ebitda de 12,2 vezes, enquanto no caso mais recente da compra da Eletropaulo pela italiana Enel apresentou um prêmio de 175% e um múltiplo de 11,4 vezes.

A gestora parte do princípio de que existe uma “demanda considerável” por empresas de energia como a EDP Brasil e cita trechos do noticiário brasileiro e de documentos de grupos estrangeiros de energia de 2016 aos dias atuais indicando o interesse por ativos no País, como é o caso da State Grid, Enel, Engie e Iberdrola. “A EDP Brasil é um alvo ideal para players estratégicos com recursos suficientes para impulsionar o crescimento futuro”, sugeriu.

Para a Elliot, a EDP Brasil é um ativo atrativo tendo em vista seu histórico de crescimento impulsionado pela demanda por eletricidade. Mas destaca que por conta das restrições de capital da EDP portuguesa fica atrás da concorrência em termos de investimento e ocupa apenas o sétimo lugar na produção privada de energia no Brasil e o nono lugar no segmento de distribuição. “Dado o potencial de crescimento do mercado brasileiro, a Elliott acredita que a EDP Brasil é um negócio atraente, que beneficiaria um novo proprietário empenhado e disposto a realizar os investimentos necessários”, afirma.

Por outro lado, a gestora avaliou que a participação na EDP Brasil expõe a EDP à volatilidade do real brasileiro e a um custo médio ponderado de capital mais elevado, que se reflete no múltiplo de negociação mais baixo da empresa portuguesa. Segundo a Elliot, o custo médio da dívida da EDP Brasil, de cerca de 11,1%, pesa no grupo, que mantém um custo médio da dívida de 4,1%. “A libertação do valor retido na EDP Brasil permitiria à EDP cristalizar mais-valias significativas, dispondo de mais capital para utilizar em oportunidades de investimento atrativas noutros locais”, disse, em carta endereçada ao conselho de administração do grupo português.