Na segunda-feira (3), um júri californiano condenou Elizabeth Holmes (ao centro na foto), 37 anos, por quatro crimes de fraude eletrônica a conspiração. Cada condenação, ainda a ser definida, pode chegar a 20 anos de cadeia. Havia em discussão outras sete acusações. Em quatro, ela foi inocentada. Em três, o júri se declarou sem condições de considerá-la culpada. Holmes foi um prodígio das startups de saúde, as healthtechs, ao criar aos 19 anos a Theranos, em 2003. A empresa prometia diagnósticos sofisticados e completos de saúde com simples gotas de sangue. Chegou a receber quase US$ 1 bilhão em investimentos de pes-soas poderosas — entre elas, Henry Kissinger (tido como um gênio da diplomacia americana da Guerra Fria), a família Walton (dona da rede Walmart) e Rupert Murdoch (magnata da imprensa). Curiosamente, foi por meio de um veículo jornalístico que a história da Theranos começou a ruir. Em 2015, o The Wall Street Journal (que tem entre os donos o próprio Murdoch) passou a publicar reportagens sobre a não eficácia do que a star-tup de Holmes prometia. No julgamento, os advogados de defesa disseram que a empresária não pretendia fraudar ninguém, nem investidores, nem cientistas, nem pacientes. “Ela subesti-mou ingenuamente” os desafios da empresa, disseram.

(Nota publicada na edição 1255 da Revista Dinheiro)