A elite política de Hong Kong começou, neste domingo (19), a escolher os membros de um poderoso comitê que nomeará o próximo chefe de governo da cidade e quase metade do novo legislativo, sob um novo sistema “só para patriotas”, imposto por Pequim.

Embora o centro financeiro nunca tenha sido uma democracia – o que motivou anos de protestos -, anteriormente se tolerava a presença de uma oposição pequena e ativa depois que a China assumiu o controle em 1997.

No entanto, grandes manifestações pró-democracia há dois anos, às vezes violentas, levaram a China a responder com mão de ferro, ao impor um novo sistema político que só permite que pessoas consideradas leais ocupem cargos públicos.

A primeira “consulta” com este novo sistema, sob o lema de “Os patriotas governam Hong Kong”, acontece neste domingo, enquanto os membros das classes dominantes de Hong Kong votam para formar este novo Comitê Eleitoral, com 1.500 cadeiras.

O comitê deverá designar, em dezembro, 40 dos 90 legisladores da cidade. Outros 30 serão escolhidos por grupos de interesses especiais e apenas 20 serão fruto de uma eleição direta. Um ano depois, o comitê escolherá o próximo chefe do governo local, que deverá ser aprovado por Pequim.

Pequim insiste que o novo sistema político é mais representativo e vai garantir evitar o acesso de elementos “anti-China” a cargos públicos.

Mas críticos do sistema dizem que não dá espaço à oposição pró-democracia e que transformou Hong Kong em um espelho do sistema autoritário da China, sob controle do Partido Comunista.

Em 2016, antes da reforma, cerca de 233.000 moradores de Hong Kong puderam votar na cidade.

Agora, este número foi reduzido para cerca de 4.800, ou seja, 0,06% dos 7,5 milhões de habitantes de Hong Kong. A polícia afirmou que mobilizou 6.000 agentes para garantir que não houvesse protestos ou interferências.

Ao fechar as urnas, neste domingo à noite, as autoridades indicaram que a participação nesse grupo tão seleto de eleitores foi de 86%.

A maioria dos cargos na ‘consulta’ deste domingo foi designada em “corridas de cavalo único”, com apenas 364 realmente em disputa. O restante será designado por ofício ou por determinados grupos de interesse.

Como consequência, o Comitê terá ainda mais membros cujos votos serão favoráveis a Pequim, entre eles legisladores leais, membros de órgãos nacionais, assim como representantes de grupos empresariais, profissionais e religiosos.

A imprensa local afirmou que aqueles vinculados às famílias de magnatas empresariais da cidade, tradicionalmente poderosos, terão menos incidência do que antes.