Disparou o alerta vermelho em Brasília: a balança comercial do ano que nem começou, 2001, deve fechar negativa. Ainda constrangido com o resultado do déficit comercial deste ano, que deve terminar perto de US$ 1 bilhão, o governo se prepara para conter estrago ainda maior. O sinal de que as coisas vão piorar vem do setor de eletroeletrônicos, que deve fechar 2000 com déficit de US$ 6,5 bilhões. No Ministério do Desenvolvimento, comandado por Alcides Tápias, uma fonte disse à DINHEIRO que as importações de eletrônicos vão gerar um rombo de US$ 7 bilhões em 2001. Mensalmente, milhares de componentes de alta tecnologia são importados para fabricar no País celulares, computadores, tevês e equipamentos de telecomunicações ? que utilizam até 90% de peças estrangeiras. São peças caras, sem similar nacional, que, muitas vezes, voltam para o exterior dentro do produto acabado. O problema é que o Brasil importa cinco vezes mais do que exporta nessa área. Há riscos, inclusive, dos gastos com componentes superarem os do petróleo, principal responsável pela balança negativa deste ano. Dentro do ministério, os eletroeletrônicos já são chamados do ?petróleo do futuro? e, no terreno digital, a auto-suficiência está distante. Na sexta-feira, 17, durante o 20.º Encontro Nacional de Comércio Exterior, ficou claro que a solução não virá tão cedo. Do conjunto de 11 medidas anunciadas como Programa de Exportações 2001, apenas uma trata do problema mais alérgico, o da redução de tributos que atrapalham a exportação. O alívio anunciado se restringe à eliminação da alíquota do Imposto de Renda sobre as remessas para a promoção comercial de produtos brasileiros no exterior. Na prática, feiras e campanhas publicitárias realizadas no estrangeiro deixarão de pagar alíquota de 15%. As demais medidas apresentadas são, em boa parte, um mero relançamento de propostas antigas. Um mau começo, quando se leva em conta que a prioridade do ministro Alcides Tápias, do Desenvolvimento, é trazer pesos pesados da tecnologia de componentes para o País. O governo acredita que uma ou duas fábricas de chips serão implantadas no Brasil nos próximos anos ? se o País criar as condições. ?As empresas precisam saber onde vão instalar suas fábricas e quais os incentivos disponíveis?, disse Tápias, ao repórter Luciano Dias. ?É necessário aprovar a Lei de Informática.? Necessário, mas não suficiente.