O mercado brasileiro de veículos eletrificados alcançou a marca de 79.817 unidades em circulação no fim de janeiro, alta de 93% sobre o mesmo período de 2021 (1.321). Os dados são Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), e a previsão é que até o início do segundo semestre esse número chegue a 100 mil. Os 2.558 exemplares negociados no primeiro mês de 2022 representaram apenas 2,2% em relação ao total de 116.801 veículos à combustão emplacados no período, de acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Nada, porém, que intimide Santiago Chamorro, presidente da General Motors América do Sul, que engloba as operações no País. Para o colombiano, o Brasil está pronto para crescer de forma acelerada no segmento.

A declaração do executivo vai ao encontro do projeto anunciado pela matriz nos Estados Unidos no segundo semestre de 2021. A GM vai investir US$ 35 bilhões até 2035 no desenvolvimento e lançamento de 30 modelos entre eletrificados e autônomos. No Brasil está prevista para este ano a chegada da nova geração do elétrico Bolt. Já em território americano, o Lyriq, da Cadillac, e o GMC Hummer vão entrar em processo comercial nas próximas semanas. “Então, temos uma possibilidade aí, um sonho, uma visão de transformação aqui para a região.” A confiança está na capacidade industrial, de engenharia e no know-how tecnológico da montadora na América do Sul. Esse potencial, na visão do presidente, permite abraçar de forma mais profunda a realidade da eletrificação.

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Chamorro admite a possibilidade de alguma operação da GM no continente vir a produzir baterias, um dos focos principais das montadoras para o desenvolvimento do segmento. A justificativa é a disponibilidade de minérios em algumas localidades. O Brasil é “muito forte” em grafite e manganês, enquanto outros países apresentam potencial para o lítio (o Chile é o segundo maior produtor mundial, atrás apenas da Austrália), também necessário para a fabricação. Isso sem contar que têm sido promovidas pesquisas em relação a outros minérios. “Há condições de todos (os países) se juntarem de uma forma estratégica e colocarem o Brasil no meio dessa discussão que já ocorre nos Estados Unidos, na China, em países da Europa, locais onde o tema eletrificação avança mais rapidamente.”

Apesar do crescimento do mercado, o executivo Adalberto Maluf, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), afirmou que o Brasil ainda está distante do potencial do segmento e do crescimento apresentado pelo mundo, principalmente em relação aos modelos 100% elétricos. “Os números mostram que os brasileiros se entusiasmam cada vez mais com a eletromobilidade e com as novas tecnologias, mesmo sem ter os incentivos que existem em outros países.”

Maluf acredita que, se o governo federal der mais atenção ao tema, o Brasil poderá se tornar uma potência global em transporte limpo e sustentável. A situação abriria caminho para a renovação da indústria nacional e para a criação de empregos, além de unir biocombustíveis e veículos elétricos.”