Deputado federal pelo estado do Rio de Janeiro, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), fez um apelo aos parlamentares para que aprovem nesta noite a intervenção federal decretada no estado pelo presidente Michel Temer. Ele deu início à ordem do dia da sessão extraordinária destinada a apreciar o tema anunciando que faria um pronunciamento.

No discurso, Maia recorreu à Constituição Federal, falou das famílias fluminenses que sofrem com “criminosos e bandidos”, criticou o crime organizado e negou que a medida se confunda com uma intervenção militar.

“Somos chamados a superar diferenças ideológicas, conceitos diversos de gestão da máquina pública, para mostrar união contra um inimigo comum a todos os homens e mulheres de bem; um inimigo comum a todos que têm espírito público: o crime organizado”, acrescentando que é preciso utilizar as “armas” previstas na Constituição.

Argumentando que o governo do Rio de Janeiro já “sucumbiu à desordem”, o presidente da Câmara disse que é urgente levar de volta “a paz de espírito” às ruas do estado. Segundo ele, a intervenção é “a maior” ferramenta dada pela Constituição neste momento para se “combater os bárbaros”.

“Não se trata de intervenção militar. Longe disso. Vamos votar aqui um decreto de intervenção do governo federal no estado do Rio de Janeiro. Diga-se de forma clara e direta: se fosse uma intervenção militar, esta Casa, com toda a razão e com todo o meu apoio e energia, a derrotaria. Estamos nos preparando para votar um decreto de intervenção constitucional, democrática, em um dos Entes federados de nossa República”, afirmou.

Maia abriu os trabalhos em meio a críticas de deputados oposicionistas ao decreto de intervenção, anunciado na última sexta-feira (16). Para Jandira Feghali, cuja base eleitoral também é do Rio de Janeiro, a medida é uma “cartada política”.

“Temer estava acuado na pauta da previdência. Sem votos para dizer aos bancos que não podia cumprir a reforma, ele tenta mudar a pauta desse país. Nessa tentativa, ele se utiliza do desespero das pessoas do meu estado, botando a pauta na segurança pública”.

Citando o Regimento Interno da Câmara dos Deputados, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) criticou a fala de Maia. “Para tomar parte em qualquer discussão, o presidente transmitirá a presidência a seu substituto e não a reassumirá enquanto se debater a matéria que se propôs a discutir discutir. Se quiser falar como deputado do Rio de Janeiro, transmita a prediência para que outro parlamentar o faça”, questionou.

Marcada para as 19h, a sessão da Câmara já atingiu o quórum mínimo necessário para início da votação, e às 22h já registrava mais de 400 parlamentares presentes. Caso os deputados aprovem o decreto ainda hoje, o Senado deve votar nesta terça-feira a medida.

*Colaborou Heloisa Cristaldo