Foi anunciada na tarde desta segunda-feira (25) a compra de 100% do Twitter pelo bilionário Elon Musk. A transação custou US$44 bilhões (R$ 214 bilhões). 

A aquisição levanta muitas dúvidas sobre o futuro da plataforma e qual o papel que ela vai ter nas eleições brasileiras em outubro. Musk é um militante da liberdade de expressão irrestrita nas redes e defendeu o apresentador Joe Rogan quando chamou negacionistas do coronavírus e figuras antivacina para o seu podcast no Spotfy.

+Bolsonaristas celebram compra do Twitter por Elon Musk: ‘Liberdade de expressão’

O professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) e pesquisador na área de tecnologia Sergio Amadeu acredita que essa postura de Musk frente a liberdade de expressão pode, muitas vezes, ser confundida como uma “liberdade de agressão” e isso tem potencial para interferir no ambiente virtual nas eleições de outubro.  

“Ele fala que está preocupado com a liberdade de expressão, mas o twitter antes tinha liberdade de expressão. O grande problema é que não podemos confundir a liberdade de expressão com a liberdade de agressão e com ações de intimidação, violência discursiva e até de ameaças que vem com o discurso de ódio. Há um tempo, entre todas as plataformas, o twitter era a que permaneceu mais aberta e com o maior diálogo entre as autoridades democráticas. O que o Elon Musk vai fazer com o clamor que existe na Europa, no Brasil e em vários lugares do mundo pela regulação democrática das plataformas?”, questiona. 

Na tarde desta segunda muitos internautas estavam se posicionando contra a venda da plataforma para o bilionário. A hashtag RIP Twitter apareceu nos assuntos mais falados na rede por usuários que ameaçavam deixar a rede. 

Impacto nas eleições

Ainda como repercussão do anúncio, o ministro das Comunicações Fabio Faria parabenizou Musk pela compra apontando que ela representa uma defesa da liberdade

 Com a preocupação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a difusão de compartilhamento de notícias falsas que possam interferir nas eleições de outubro, muitos questionamentos sobre a postura de Musk sobre esse acordo das principais redes sociais com a justiça eleitoral tem sido feitos. 

Amadeu não acredita que o bilionário irá desfazer os acordos com a justiça brasileira, já que o país é um mercado muito importante para o Twitter.   

“O próprio Telegram viu o que ia perder se continuasse ignorando a justiça brasileira e destacou uma representação legal que dialoga com o judiciário. Ele (Musk) pode fazer esse cálculo da importância do Brasil para o Twitter para respeitar ou não os acordos. Mas cabe lembrar que em uma empresa de capital fechado ele não terá a pressão de nenhum acionista para isso”, encerrou.