A campanha eleitoral começa na terça-feira (16). E a batalha pela preferência do eleitor sempre se reflete nos ativos financeiros. “O cenário eleitoral é um fator de incerteza para os investimentos”, disse Eliz Sapucaia, da Terra Investimentos. “Uma troca de governo pode mudar o direcionamento da política econômica do país.” O mercado financeiro prefere candidatos alinhados ao equilíbrio das contas públicas e aos princípios liberais. Quando as pesquisas demonstram maiores probabilidades de vitória dessas teses, as ações costumam subir. Paralelamente a taxa de câmbio cai. Quando ocorre o oposto, o movimento se inverte. Essa é a teoria.

Uma boa demonstração é o comportamento das ações nas duas últimas eleições presidenciais. Em 2018, a perspectiva da eleição de um candidato pró-mercado fez o Ibovespa subir 8,7% durante a campanha eleitoral, que foi de 16 de agosto até 28 de outubro. Na eleição anterior, porém, a expectativa de continuidade das políticas da ex-presidente Dilma Rousseff fez o Ibovespa recuar 6,6% entre 4 de julho e 27 de outubro. “A renda variável tende a sofrer mais nesse período, pois é a mais sensível diante das incertezas”, afirmou André Kitahara, gestor de portfólio macro da AZ Quest.

Neste ano, se houver dois turnos, o nome do novo presidente só será conhecido no dia 30 de outubro. Para proteger seu patrimônio (ou ganhar com a incerteza), DINHEIRO perguntou aos especialistas quais os candidatos a melhores investimentos.Para o analista de renda variável da Inv, João Abdouni, duas ações podem começar a sofrer a partir da próxima semana: as da Petrobras e as do Banco do Brasil. “As ações podem ter grandes variações nesses próximos dois meses, visto que a expectativa do mercado é de uma boa distribuição de dividendos em uma nova gestão Bolsonaro, o que pode não acontecer em um eventual governo Lula”, disse o especialista.

PREFERÊNCIA ELEITORAL Eleição será polarizada entre propostas conflitantes, o que aumenta a incerteza no mercado. (Crédito:Caio Rocha)

Abdouni afirmou que o destino das duas empresas é muito incerto. Se Lula ganhar a eleição, as ações tendem a cair, mas se Bolsonaro for vitorioso os papéis podem subir com a expectativa de dividendos generosos. Enquanto isso, sua recomendação é para o investidor ter cuidado. “O ideal é diversificar, dedicando 50% à renda fixa e 50% à renda variável”, afirmou. Eliz Sapucaia, da Terra Investimentos, concorda. Ela recomendou diversificar as aplicações em diversas modalidades, como ações, renda fixa, fundos imobiliários e criptomoedas (observe o quadro). “A diversificação em várias classes de ativos é o que pode garantir ao investidor um retorno médio com segurança em momentos turbulentos”, disse.

A analista alertou que a renda fixa também oferece riscos ao investidor. “O grande fator de influência seria a inflação, uma vez que no País o principal instrumento utilizado para contê-la é a manutenção da taxa de juros”, afirmou. Por isso, a recomendação dos especialistas é diversificar dentro da renda fixa. “O investidor deve ir para títulos pós-fixados, prefixados e também os indexados à inflação”, disse.

ESTRATÉGIA Como diversificar? Os especialistas consultados por DINHEIRO avaliam que o período da campanha eleitoral é relativamente curto em termos de alocação de recursos, o que dificulta a montagem de estratégias. Kitahara, da Az Quest, disse que uma estratégia que pode provar-se rentável para depois da contagem dos votos são os títulos de renda fixa prefixados. Como há uma percepção elevada de riscos de inflação por parte dos investidores, esses papéis estão proporcionando rentabilidades polpudas para o investidor. “A taxa Selic está elevada, e investir em títulos prefixados garante esse desempenho por bastante tempo”, afirmou.

Eliz, da Terra Investimentos, montou uma carteira que vai das alternativas tradicionais — como Certificados de Depósito Bancário (CDB) — às modernas, como os criptoativos. Nos CDBs pós-fixados, disse ela, é possível encontrar retornos de até 107% dos juros de mercado medidos pelo CDI sem correr grandes riscos de crédito. No caso dos papéis prefixados, há retornos de 14,50% a 14,75% ao ano. Quem quer se proteger da inflação pode optar por títulos bancários com baixo risco de crédito que pagam inflação mais prêmios de 8% ao ano. Já as aplicações em criptoativos devem ser feitas em dois fundos de investimentos, o primeiro é o Hashdex 20 Nasdaq Crypto, além do Hashdex 40 Nasdaq Crypto. Com essa recomendação, a expectativa é de um rendimento de 12,7% ao ano.