Em ano de eleição, todo mundo sabe, alguns setores da economia brasileira ganham fôlego, geram empregos e faturam alto. São movidos pelas aspirações de candidatos, partidos e colaboradores, que injetam grandes somas no mercado em busca dos votos dos eleitores. Este ano não será diferente. A novidade é o surgimento de empresas virtuais dispostas a disputar palmo a palmo uma parte dos US$ 2 bilhões que serão gastos em todo o aparato que sustenta as campanhas eleitorais. As chamadas pontocom estão chegando de olho na intermediação do filão desse negócio: a venda de botons, bandeiras, chaveiros, adesivos, bonés, camisetas… Utilizando a mesma fórmula que vem crescendo na Internet brasileira ? os portais verticais ?, elas concentram o maior número possível de fornecedores que podem ser acessados com facilidade pelos candidatos, numa versão do B2B para a política. Cobram um percentual nas vendas concretizadas nos sites e, de quebra, oferecem aos eleitores e-mail grátis e informações sobre os candidatos. ?É um mercado muito amplo, que envolve muito dinheiro e muitas empresas e pessoas?, diz Fernando Natividade, fundador e diretor comercial da VotoConsult, que estreou na rede há 15 dias e tem mais de 300 fornecedores cadastrados.

Os dados do Tribunal Superior Eleitoral dão uma pista do tamanho desse mercado. São 5.549 municípios, 109 milhões de eleitores, 306 mil candidatos a vereador e 15 mil a prefeito. E mais de 5 milhões de pessoas envolvidas diretamente no negócio ? cabos eleitorais, militantes, simpatizantes. ?A eleição de 2000 é a maior em termos de números?, diz José Fabbri, fundador do PoliStar, outro site voltado para os negócios eleitorais. A empresa, que também recém estreou na rede, recebeu US$ 5 milhões do Latin American Internet Venture, incubadora de projetos B2B, e já está se preparando para atuar em todos os países do continente. Com uma equipe de 30 profissionais, o portal oferece, além de cadastro com 150 fornecedores, um kit de serviços que inclui programa para gerenciamento da campanha, site personalizado do candidato e uma fita de vídeo com dicas de marketing e de como fazer boca-de-urna. Na semana passada, 800 kits já haviam sido vendidos ao preço de R$ 400 cada. Luiza Erundina, César Maia, Paulo Maluf e Fernando Collor foram alguns candidatos que aderiram ao kit da PoliStar, que tem como meta vender 10 mil desses conjuntos, além de faturar R$ 1 milhão com a intermediação de negócios.

Nos comitês eleitorais, a novidade começa a ganhar espaço, embora a maior parte dos contatos com fornecedores ainda seja feita à moda antiga. Em São Paulo, por exemplo, os dois partidos que estão na frente na campanha à Prefeitura ? PT e PSB ? ainda estão fazendo compras nas lojas da velha economia. ?Nesta campanha, os candidatos estão adquirindo bonés e camisetas de lojas tradicionais?, afirma Ivo Patarra, assessor da candidata Erundina, que encomendou seu site à PoliStar. Já a candidata Marta Suplicy, do PT, adotou o e-commerce, mas apenas para faturar mais contribuições para sua campanha. Em vez de comprar pela rede, está vendendo chaveiros, botons, bonés e outros souvenirs para os simpatizantes do partido.