Egito, Etiópia e Sudão concordaram que o governo etíope em atrasar o início do processo de enchimento de uma grande barragem no Nilo, como parte de um acordo sobre o projeto que agravou as tensões entre os três países, anunciou a presidência egípcia nesta sexta-feira (26).

Previamente, a Etiópia havia pressionado para começar a encher no próximo mês o gigantesco reservatório do rio Nilo, apesar da forte oposição do Egito e do Sudão.

A disputa chegou à ONU na última semana. O gabinete do presidente egípcio, Abdel Fatah al Sisi, disse nesta sexta que “será apresentado em carta ao Conselho de Segurança da ONU um acordo final legalmente vinculativo para todas as partes a ser considerado em sua próxima sessão que discutirá o tema da ‘Barragem do Renascimento’, na próxima segunda-feira”.

O primeiro-ministro sudanês, Abdalla Hamdok, foi mais objetivo e disse em comunicado que “o acordado foi que o enchimento do reservatório será adiado até se chegar a um acordo”.

De acordo com seu gabinete, os comitês técnicos dos três países tentarão chegar a um acordo conclusivo em até duas semanas, como sugerido pela Etiópia.

“O Sudão é um dos maiores beneficiários da barragem e também um dos maiores perdedores caso os riscos não sejam mitigados, e é por isso que solicita ao Egito e a Etiópia a necessidade iminente de se encontrar uma solução”, acrescentou Hamdok.

Esse entendimento surgiu após uma sessão virtual de emergência do Conselho Executivo da União Africana, presidida pelo mandatário sul-africano, Cyril Ramaphosa.

Houve uma escalada de tensões políticas entre Etiópia, Egito e Sudão, após as recentes negociações ministeriais não chegarem a um acordo sobre a conclusão e operação da Grande Represa Etíope do Renascimento (DRGE).

O Egito, que considera a barragem uma ameaça, apelou na última semana ao Conselho de Segurança da ONU que interviesse na disputa. Esse país teme que o reservatório afete gravemente o suprimento de água do Nilo, que fornece quase 97% de água doce ao país.

Por sua vez, a Etiópia afirma que a barragem é essencial para suas necessidades de energia elétrica e desenvolvimento econômico.

O Nilo é um fornece água e eletricidade aos 10 países por onde passa.