Até fazer 18 anos, o libanês Chaim Zaher, 61 anos, fez de tudo. Foi mascate, colunista social, rádio-ator e porteiro de cursinho. Quando foi demitido deste último emprego, em 1972, decidiu montar seu próprio cursinho. Em quase 40 anos, conseguiu transformá-lo no Sistema Educacional Brasileiro (SEB), grupo com 489 mil alunos espalhados pelo Brasil e faturamento anual de R$ 450 milhões. 

 

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                                                                    Duplo comando: Romero (à esq.), presidente da Pearson para a América Latina, 
                                                                          e Gerlach, presidente no Brasil, correram para não perder o negócio   

  

Seu negócio tornou-se tão cobiçado que, na quinta-feira 22, parte dele foi vendida por R$ 888 milhões ao grupo inglês Pearson, dono do jornal Financial Times, da editora Penguin e da Pearson Education. Do total negociado, Zaher embolsou R$ 613,3 milhões e os sócios minoritários ficaram com o restante. 

 

O grupo Pearson, que fatura cerca de US$ 8,5 bilhões no mundo, ficará com os sistemas de ensino como apostilas e livros que levam as marcas COC, Pueri Domus, Dom Bosco e Name. Leva também a Gráfica GEB, Logística e Distribuição, que imprime todos os materiais, e o portal educacional Klick Net. 

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Zaher permanece dono de 31 escolas que também têm as mesmas marcas.  “O foco da Pearson passou a ser os mercados emergentes. Ela vendeu ativos na Inglaterra no valor de US$ 3,4 bilhões para se capitalizar e investir aqui”, diz Carlos Monteiro, da CM Consultoria. Bater o martelo e fechar a compra não foi fácil. 

 

 

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Chaim Zaher: após saber da venda do Anglo, ele decidiu concluir a negociação com a Pearson

 

  

As conversas começaram há cerca de quatro anos com a ideia inicial de comprar a SEB como um todo. Zaher estava relutante em aceitar, até que um fator decisivo mudou a situação: a recente venda do sistema Anglo para a editora Abril.  “Nunca foi a nossa intenção deixar o setor educacional, mas a compra do Anglo nos deixou preocupados”, confessou Zaher. Por outro lado, essa movimentação deixou o Pearson em estado de alerta. 

 

Eles também estavam na disputa pelo Anglo e o fracasso fez com que o grupo precipitasse as negociações com a SEB para não correr o risco de perder mais essa oportunidade. “A meta é dobrar o número de alunos em cinco anos”, disse à DINHEIRO Juan Romero, presidente da Pearson Education para a América Latina. Independentemente disso, a empresa inglesa muda de patamar no País. “De uma vez só, triplicamos a nossa operação por aqui”, diz Guy Gerlach, presidente da Pearson Education no Brasil.