O candidato ao governo do Rio, o ex-prefeito da capital Eduardo Paes (DEM), fez elogios a Jair Bolsonaro (PSL), depois de dizer que, oficialmente, seu partido ainda não definiu como se posicionará na disputa ao Planalto. O candidato à Presidência apoia Wilson Witzel (PSC), que surpreendeu a todos ao chegar em primeiro lugar na corrida pelo governo do Estado, à frente de Paes.

“Acho que essa radicalização que a gente está vendo, inclusive na crítica, é muito ruim. No convívio com Jair Bolsonaro, sempre vi uma pessoa que aceita a crítica, que participa do contraditório, que disputa eleições. Mantenho minha posição de neutralidade, mas sem essa visão radical que tentam impor”, afirmou Paes, ao ser perguntado sobre seu posicionamento. Questionado sobre o candidato do PT, Fernando Haddad, Paes limitou-se a dizer que “é um homem de bem”.

Eduardo Paes, no entanto, não se furtou a criticar Witzel. O candidato do PSC disse em evento de campanha, que daria voz de prisão ao ex-prefeito se ele “falasse alguma mentira ao vivo” no próximo debate, lembrando que “o crime de injúria está sujeito à prisão em flagrante”.

“Governar, num regime democrático, é dialogar, responder, ser cobrado pela imprensa, pelo ministério público”, disse Eduardo Paes. “A gente vai para um debate para inquirir e ser inquirido, para perguntar e ser perguntado, para discutir temas importantes para o Estado e para todos. Então, ele vai ter que aprender que, na política, tem que ter respeito ao leitor, à imprensa, ao adversário. Às pessoas que fazem a transparência do regime democrático.”

Na mesma declaração, gravada em vídeo, Witzel tinha acusado Paes de produzir “fake news” (notícias falsas) contra ele e disseminá-las na internet. “É uma calúnia”, disse o ex-prefeito. “Mas vou ouvir a calúnia dele, a injúria dele, e não vou dar voz de prisão a ele.”

Eduardo Paes criticou ainda a postura de Witzel de participar de um evento de campanha em que dois candidatos a deputado quebraram uma placa feita em homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada em março. “As pessoas que pleiteiam governar o Estado devem respeitar os direitos, devem ter autoridade moral para que a investigação aconteça. Esse tipo de atitude é inaceitável, tanto por parte dos deputados, como por parte do governador.”