Contando com esposa, filhos, amigos, assessores, repórteres e fotógrafos, nem a primeira fileira do teatro da Livraria Cultura, na Avenida Paulista, foi preenchida na noite de autógrafos do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB), nesta segunda-feira, 25. O emedebista veio à capital paulista para um evento de divulgação de seu livro Tchau, Querida, em que narra bastidores do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

O evento foi tão esvaziado quanto o do lançamento da obra, em Brasília. E, não contou com a presença de figurões da política. Mesmo assim, Cunha rechaçou o abandono de seus colegas. “Eu não convidei! Não estou com objetivo de fazer um evento político, nem medir força”, disse ao Estadão, durante o evento.

Apesar de não encher nem uma livraria para autógrafos, o ex-deputado cassado pelo Conselho de Ética da Câmara diz ter planos para 2022 na vida partidária e afirma ter recebido inclusive convite para deixar o MDB, legenda que o abriga há décadas. “Eu não quero citar (os partidos que fizeram convites) porque eu seria deselegante, mas eu posso dizer que fui convidado por pelo menos uns cinco”, afirmou. “A minha filha não, ela não aceita ficar no MDB. Ela não ficará”, continuou, em referência a Danielle Cunha, que tentou, sem êxito, se eleger em 2018 à Câmara.

Alvo de diversos processos na Operação Lava Jato, o emedebista comemora os reveses da operação que levaram à anulação de processos que responde. “O importante é se essas decisões param em pé ou vão parar em pé, porque nenhuma delas vai parar. Acabaram de arquivar um outro inquérito aqui, tem cinco minutos. Acabei de receber aqui um inquérito arquivado”, disse, sem abandonar o tom ácido ao falar do ex-juiz federal Sérgio Moro, que o condenou por corrupção e lavagem de dinheiro.

O ex-deputado, cassado na esteira da revelação de que era dono de contas na Suíça, comemorou, em tom de ironia, uma eventual candidatura de Moro. “Torço muito para que ele (Sérgio Moro) seja candidato”, disse. “Porque aí a máscara dele vai cair. Porque é uma operação política que ele comandou. Então, agora vai ficar comprovada, a candidatura dele comprova que tudo é uma farsa política. Eu não só torço, não, eu até apelo para que ele seja candidato. Porque é uma forma de ele enfrentar as urnas, enfrentar esse debate, ser derrotado e sepultar de uma vez, porque tem coisas na política e na vida que precisam ser sepultadas”, afirmou.

Um dos protagonistas do último processo de impeachment que levou à cassação da ex-presidente Dilma Rousseff, Cunha diz não ver motivos para alijar o presidente Jair Bolsonaro do cargo. “Não teria autorizado, porque eu não vejo crime de responsabilidade no que tem até agora em relação ao Bolsonaro. Aquela última peça que falaram que era o super pedido, aquilo é uma pilhéria. Você tem que entender o seguinte: o processo de impeachment é político, mas é jurídico também. Eu discordo totalmente que ele seja totalmente político”, afirmou.

A turnê de Eduardo Cunha ainda deve ter pelo menos outras seis datas marcadas. A próxima, segundo sua editora, será no Rio de Janeiro, no dia 26 de novembro.