O executivo Chu Tung adora motociclismo desde a época em que era universitário. Até hoje, sempre que pode, pega uma de suas motos, de preferência uma Harley Davidson, e viaja pelo interior do País. Segundo o presidente da EDS do Brasil, empresa americana especializada em tecnologia da informação, nos momentos de lazer é possível pensar com mais clareza sobre as decisões da companhia. ?Assim como nos negócios, no motociclismo os riscos têm de ser bem planejados para a gente não ficar parado na estrada?, filosofa Tung. Nos últimos tempos, o que não falta na vida do executivo são decisões importantes. Há alguns meses ele começou a definir um novo caminho para a EDS. Dentro de três anos a meta é ter a empresa na liderança do mercado de tecnologia da informação, à frente da IBM, sua principal rival. ?Daqui para frente vou perseguir o primeiro lugar e só vou parar quando a EDS chegar lá?, avisa Tung.

O executivo terá de acelerar muito para alcançar a rival. Hoje a EDS é dona de 6% do mercado contra 11% da IBM. O setor de tecnologia da informação, que engloba serviços que vão desde soluções para a Internet até operações em rede e hospedagem de sites, vem crescendo a uma taxa mundial de 14% ao ano, em média. Por aqui, de acordo com Tung, o mercado apenas engatinha e não há números fechados sobre o setor. Mas se falta estatística, sobra potencial. Por isso mesmo a operação brasileira vem chamando a atenção da matriz. Neste ano ela vai liberar US$ 250 milhões para dois projetos. Um já foi inaugurado no mês passado em Florianópolis (SC), onde está funcionando um centro de desenvolvimento tecnológico. Em agosto será a vez de um centro de gestão de sistemas, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Nunca o grupo americano, pertencente à General Motors e que no ano passado faturou perto de US$ 20 bilhões, investiu tanto no Brasil. ?O País tem muito potencial, por isso a aposta é tão alta?, justifica Tung. Além dos dois projetos, a EDS poderá atropelar a concorrência com alguma aquisição nos próximos meses. Sem dar detalhes, Tung diz que está estudando propostas. A política de compras de empresas, por sinal, tem sido adotada por toda a corporação. Há duas semanas a EDS mundial arrematou por US$ 1 bilhão a Structural Dynamics, especializada em softwares para projetar produtos como automóveis e motores para aviões.

Além das aquisições, Tung pretende aumentar a atual receita de US$ 300 milhões (2000) com a ajuda do governo federal. A União, em busca de agilidade nos seus ministérios e autarquias, começou há alguns meses as primeiras licitações para a implantação de sistemas de informatização. ?O governo federal não quer apenas ter tecnologia a sua disposição, mas dar mais transparência aos seus processos e assim eliminar intermediários?, explica Tung. O executivo sabe, contudo, que a EDS não será a única empresa a participar dessas licitações e por isso nem pensa em concentrar suas apostas exclusivamente nesses contratos. Também tem na mira um outro mercado que não pára de crescer no Brasil, o de telecomunicações. Já estão no seu portfólio companhias como a Telefonica, a Telemar, a Embratel e a Vésper. Bons contratos à parte, Tung é do tipo de executivo que faz questão de acompanhar de perto seus custos. ?Os clientes nos procuram para que consigamos gerar uma economia para eles. Se não tivermos uma estrutura cada vez mais enxuta, isso não será possível?, explica Tung. Para ilustrar a preocupação, costuma brincar: ?Custo é como cabelo, é só o tempo passar e ele começa a crescer de novo?.